Setor da carne bovina prevê perda de US$ 1 bilhão com tarifa dos EUA e pede apoio ao governo
Segmento ficou mantido na tarifa de 50%, mesmo após as exceções de Trump
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, afirmou nesta quarta-feira que a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — sem exceção para a carne bovina — deve gerar um impacto de cerca de US$ 1 bilhão apenas no segundo semestre deste ano.
A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, entra em vigor em 6 de agosto e, somada à alíquota atual de 26,4%, elevará a carga tributária total para mais de 76%, comprometendo a viabilidade das exportações para o segundo maior mercado de carne bovina do Brasil.
Segundo Perosa, o Brasil exportaria cerca de 400 mil toneladas de carne bovina aos EUA em 2025, mas a tarifa obrigará o redirecionamento de parte da produção para outros países ou para o mercado interno — este último com risco de queda de preços e prejuízos à cadeia produtiva.
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— O mercado dos Estados Unidos é um mercado altamente rentável, próximo ao Brasil, e que a gente tinha uma alta demanda. Então, como a gente costuma dizer, um cliente bom, bom pagador, bom demandante e que agora nós perdemos esse cliente — afirmou Perosa.
O presidente da Abiec disse que o vice-presidente Geraldo Alckmin informou estar estudando medidas para mitigar as perdas, como novas linhas de financiamento ao setor exportador. Ele destacou, no entanto, que nenhum outro mercado conseguiria absorver o volume e o tipo de produto destinado aos EUA.
— As negociações podem continuar, mesmo após o início da implantação da tarifa. Com diversos outros países os Estados Unidos fez isso, iniciou a taxação e continuou as negociações — destacou.
Apesar de a carne bovina brasileira ter ficado fora da lista de exceções à tarifa, Perosa avaliou como positivo o prazo estendido para a entrada em vigor da medida para cargas já em trânsito. De acordo com ele, isso permitirá que cerca de 30 mil toneladas já embarcadas ou em alto-mar cheguem aos EUA sem a sobretaxa.
Em comunicado, a Abiec reforçou a importância do diálogo e da preservação do fluxo comercial com os EUA. A entidade afirmou que seguirá trabalhando com o governo brasileiro, importadores norte-americanos e organismos internacionais para manter a competitividade da carne bovina e contribuir com a segurança alimentar global.

