Setor público faz superávit de R$ 32,4 bi em outubro, mas estatais registram déficit de R$ 149 mi
Resultado mensal perde força e despesas com juros somam R$ 113,9 bilhões no mês
O setor público consolidado fechou outubro com superávit primário de R$ 32,4 bilhões, informou o Banco Central nesta sexta-feira. O resultado positivo, porém, veio acompanhado de um novo déficit nas empresas estatais, que encerraram o mês com saldo negativo de R$ 149 milhões.
O desempenho de outubro ficou abaixo do observado no mesmo mês de 2024, quando o superávit havia sido de R$ 36,9 bilhões. Mesmo assim, o Governo Central — que inclui Tesouro, Previdência e Banco Central — respondeu pela maior parte do resultado, com R$ 36,2 bilhões de superávit. Estados e municípios, por outro lado, registraram déficit de R$ 3,6 bilhões, enquanto as estatais contribuíram novamente para deteriorar o saldo geral.
No acumulado de 12 meses até outubro, o setor público mantém déficit primário de R$ 37,7 bilhões, equivalente a 0,30% do PIB, piorando em relação ao período até setembro (0,27%).
Estatais seguem no vermelho
As empresas estatais federais, estaduais e municipais voltaram a apresentar déficit, num cenário em que parte delas enfrenta queda de receitas operacionais e pressão de custos. Embora o valor de R$ 149 milhões seja considerado pequeno dentro do agregado fiscal, a repetição de resultados negativos reforça a dificuldade desses entes em contribuir para o ajuste das contas públicas.
O BC não detalha na nota quais empresas puxaram o resultado negativo, mas o comportamento das estatais tem sido acompanhado com mais atenção por causa de programas de investimentos em setores como energia, infraestrutura e transportes, que costumam pressionar o caixa dessas companhias.
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Juros continuam pressionando as contas públicas
Apesar do superávit nas despesas primárias, o setor público continua gastando muito com juros da dívida — valor que precisa ser pago para quem empresta dinheiro ao governo.
Em outubro, a despesa com juros ficou em R$ 113,9 bilhões, e no acumulado de 12 meses chega a R$ 987,2 bilhões, o equivalente a quase 8% do PIB.
Dívida pública sobe
O relatório também atualiza as duas principais medidas de endividamento do país.
Dívida Líquida (DLSP): 65% do PIB
Chegou a R$ 8,1 trilhões, subindo 0,2 ponto percentual em outubro. A dívida líquida considera o que o governo deve menos o que ele tem de recursos e ativos financeiros.
Ela subiu porque:
os juros aumentam a dívida (+0,9 p.p.);
o PIB nominal caiu, o que faz a dívida parecer maior (+0,2 p.p.);
o superávit ajudou a reduzir (-0,3 p.p.);
a variação do câmbio também ajudou um pouco (-0,1 p.p.).
Dívida Bruta (DBGG): 78,6% do PIB
Chegou a R$ 9,9 trilhões. É a medida mais usada pelo mercado internacional porque mostra tudo o que o governo deve, sem descontar nada.
Subiu 0,6 ponto percentual no mês, principalmente devido aos juros e à queda do PIB nominal. Em 2025, já aumentou 2,1 pontos percentuais.

