Sex, 05 de Dezembro

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Banco Central

Sob críticas, Galípolo diz que BC segue comando legal de perseguir meta de inflação de 3,0%

Presidente do BC destacou que projeções indicam que alvo não será cumprido durante todo seu mandato, que acaba só em 2028

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo  - Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Sob críticas do governo aos juros altos, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, ressaltou que a autoridade monetária segue o comando legal de perseguir a meta de inflação, que foi definida em 3,0%. O alvo inflacionário é definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado em que o governo tem duas das três cadeiras, a última é ocupada pelo BC. A taxa Selic está em 15% ao ano, maior patamar desde julho de 2006.

— O BC, especialmente esse, que tem um apreço insuperável pelas instituições republicanas e democráticas, entende que seu poder e autonomia é para seguir comando legais, daqueles que receberam voto. A determinação legal que eu recebi é que a meta é 3,0%. E o instrumento que me conferido foi a taxa de juros, usar a taxa de juros para perseguir a meta de inflação.

— Isso, de maneira nenhuma, entra em conflito com outros tipos de declarações que possam dizer: Mas o BC e o Brasil sustenta taxas de juros mais elevadas que seus pares. É verdade. Mas o comando legal não foi: "Coloque a taxa de juros na mediana dos países emergentes". — completou.

A meta de 3,0% tem um limite de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo (de 1,5% a 4,5%) para absorver eventuais choques. Integrantes do governo, como ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem argumentado que não tem como sustentar uma taxa de juros de 15% com a inflação em 4,5%.

— No regime de meta contínua, durante todo o período a inflação tem que estar dentro da meta. Em 11 meses deste ano, em nenhum mês eu cumpri a meta. Descumpri a meta falando da banda superior. Mas vamos lembrar sempre que a meta não é a banda superior.

Ele destacou que a banda foi criada para amortecer eventuais variações da economia.

— Mas de maneira nenhuma quem criou o comando legal me falou que a meta era 4,5%. Se a meta fosse 4,5%, a banda seria de 3,0% a 6,0%. Não, a meta é 3,0%.

O presidente do BC ainda destacou que as projeções apontam que durante todo o seu mandato a meta será descumprida. Ele citou as estimativas do Boletim Focus, que compila as projeções do mercado financeiro, e da pesquisa Firmus, com previsões de empresas do setor produtivo.

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