Taxa do Brasil é a mesma de Argentina e Paraguai, mas Trump não se queixa desses países, diz Governo
Presidente americano afirmou que o Brasil é um dos "piores parceiros do mundo"
Ao declarar que o Brasil é "um dos piores parceiros do mundo", por causa das alíquotas de importação, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece ignorar que, salvo algumas exceções, o imposto cobrado é o mesmo para todos os membros do Mercosul.
E mesmo assim, Trump não ataca Argentina e Paraguai, que têm governos alinhados com o mandatário americano.
Essa observação é de interlocutores do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Brasil e os demais sócios do Mercosul usam a Tarifa Externa Comum (TEC) no comércio com países que não fazem parte do bloco, o que mostra que a atitude de Trump é questionável.
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Nesta quinta-feira, o presidente dos EUA voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo processado por tentativa de golpe de Estado e se encontra em prisão domiciliar.
Trump já deixou claro que a situação de Bolsonaro deve entrar em uma negociação com seu país relacionada ao tarifaço e sempre faz duras críticas ao Judiciário brasileiro.
— Eles também nos trataram mal como parceiros comerciais por muitos, muitos anos, um dos piores, um dos piores países do mundo — disse Trump. — Agora estão recebendo tarifas de 50% e não estão muito felizes, mas é assim que funciona — completou.
Para integrantes do governo brasileiro, a Casa Branca busca informações falsas para justificar a sobretaxa de 50% sobre parte das exportações brasileiras, que entrou em vigor neste mês.
Ao anunciar a medida, em 9 de julho último, Trump afirmou que os EUA têm déficit comercial com o Brasil, o que não é verdade.
O Brasil está entre os 20 maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos. É o único país que tem déficit comercial com os EUA.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que, de janeiro a julho deste ano, o Brasil teve um saldo negativo de US$ 2,3 bilhões no intercâmbio com os EUA.
Na quarta-feira, durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados, a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, disse que, segundo o governo americano, a balança comercial de bens e serviços registrou um déficit do lado brasileiro de US$ 28 bilhões.

