Produção de etanol de milho no Brasil em debate no Fórum Nordeste 2025
Vice-presidente Comercial de Etanol da Inpasa Brasil, Gustavo Mariano, trouxe panorama do cenário atual no país no terceiro painel do evento
O crescimento da produção de etanol de milho no Brasil e seus impactos na matriz energética nacional estiveram em destaque durante o Fórum Nordeste 2025, realizado pelo Grupo EQM, presidido pelo empresário e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro.
O painel “Um overview da produção de etanol de milho no Brasil” contou com a palestra do vice-presidente Comercial de Etanol da Inpasa Brasil, Gustavo Mariano, que apresentou um panorama do setor, suas perspectivas de expansão e a importância estratégica dessa alternativa renovável na transição energética.
“O Brasil está na vanguarda desse mercado. Temos realizado um trabalho enorme entre as entidades e delegações brasileiras. A Marinha do Brasil, de forma muito competente, tem conduzido as discussões dentro da Organização Marítima Internacional (IMO), o que nos tem permitido alcançar grandes vitórias também no crescimento da demanda por etanol”, discursou Mariano.
O debate foi mediado pelo presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, e reuniu também o presidente-executivo do Sindicato da Indústria do Álcool e do Açúcar da Paraíba (Sindalcool/PB), Edmundo Coelho Barbosa, e o presidente da União Nacional da Bioenergia (UDOP), Hugo Cagno Filho.
Guilherme Nolasco iniciou o painel reforçando que o setor de etanol de milho se apresenta como complementar ao da cana-de-açúcar. “O etanol de milho entrou para suprir o abastecimento justamente nos períodos em que a oferta de cana diminuía, garantindo que a mistura obrigatória não fosse comprometida”, explicou.
Nolasco destacou que essa complementariedade também permitiu avanços em políticas públicas, citando o programa Combustível do Futuro e o aumento da mistura de etanol na gasolina de 27% para 30%. “O suprimento extra do etanol de milho é fundamental para essa transição”, disse.
Produção
Em 2024, o etanol de milho atingiu 7,6 bilhões de litros, enquanto o etanol de cana manteve 29,7 bilhões de litros. Atualmente, o etanol de milho já representa 19% da produção total de etanol no Brasil, mostrando um crescimento consistente e consolidado.
“Uma das maiores bandeiras do etanol de milho é conquistar mercados onde o consumo de gasolina é tradicional há décadas e migrá-los para regiões cujo ciclo Otto seja majoritariamente composto por etanol hidratado. Abrir a transição energética para novos polos dentro do Brasil, enriquecendo ainda mais a matriz com o biocombustível que temos hoje”, destacou Gustavo Mariano.
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O processo de produção do etanol de milho envolve etapas bem definidas: inicialmente, ocorre a moagem do grão, triturando o milho para liberar o amido. Em seguida, o amido passa por hidrólise, onde enzimas o transformam em açúcares fermentáveis. Esses açúcares são então convertidos em etanol por leveduras durante a fermentação, e, por fim, a destilação separa o etanol do restante dos componentes, garantindo a obtenção do produto final.
Debate
Durante a discussão, os especialistas ressaltaram os avanços do setor, a complementaridade entre o etanol de milho e o de cana-de-açúcar, e os desafios relacionados às mudanças tributárias e regulatórias. Além disso, defenderam políticas públicas que estimulem competitividade e consolidem o Brasil como referência em bioenergia.

Edmundo Coelho Barbosa levantou o debate sobre a educação do consumidor em migrar o consumo da gasolina para o etanol. “O desafio, como você mesmo destacou, é o da educação do consumidor. Apenas cerca de 20% da frota faz uso contínuo do etanol, e é preciso ampliar essa conscientização”, pontuou o presidente-executivo do Sindalcool/PB.
Já Hugo Cagno Filho questionou o cenário projetado. Segundo ele, embora o rumo apresentado para 2050 seja promissor, é preciso considerar os desafios. O dirigente destacou que, em apenas cinco anos, a produção de etanol de milho deve alcançar níveis equivalentes aos atuais da cana-de-açúcar. “Já sentimos essa dificuldade agora e, se o cenário se confirmar, poderemos enfrentar um desafio sério no futuro, algo que inclusive já preocupa muitas usinas”, afirmou.
O Fórum Nordeste 2025 tem o patrocínio do Banco do Nordeste, Suape, FMC, Sudene, Copergás e Neoenergia. Apoio do Governo de Pernambuco, Prefeitura do Recife, Fertine e NovaBio. Como apoio técnico conta com o Sindaçúcar-PE. O evento é uma realização do Grupo EQM.





