Sex, 05 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Taekwondo

Brasil tem novo feito inédito no taekwondo com título mundial de Henrique Marques

Atleta de 21 anos venceu o chinês Ziang Qizhang na final da categoria até 80kg

Henrique Marques é o primeiro homem do Brasil a conquistar uma medalha de ouro no Mundial de TaekwondoHenrique Marques é o primeiro homem do Brasil a conquistar uma medalha de ouro no Mundial de Taekwondo - Foto: Ana Patrícia/COB

Três dias depois de Maria Clara Pacheco conquistar o primeiro ouro brasileiro em um Mundial de Taekwondo, o Brasil está de volta ao lugar mais alto do pódio.

Na categoria até 80kg, Henrique Marques fez história na manhã desta segunda ao vencer o chinês Ziang Qizhang na final do campeonato e ficar com a medalha de ouro. Aos 21 anos, ele se tornou o primeiro homem brasileiro a vencer um Mundial de Taekwondo.

A final foi marcada pela paridade dos adversários. Tanto é que os primeiros pontos só aconteceram faltando 30 segundos para acabar o primeiro round, vencido pelo brasileiro.

O segundo foi ainda mais tenso, e precisou da revisão em vídeo para confirmar que o último golpe do chinês não havia tocado o colete do Henrique. Foi o suficiente para o brasileiro vencer o segundo assalto e sacramentar o título, em mais uma vitória por 2 a 0.

Para chegar à decisão, Henrique precisou passar por outros quatro adversários. Na estreia, venceu o cubano Kelvin Calderón por 2 a 0, sem permitir que o adversário pontuasse.

Nas oitavas, derrotou Faysal Sawadogo, de Burkina Faso, pelo mesmo placar. O adversário seguinte foi o americano CJ Nickolas, mais uma vez por 2 a 1, e só na semifinal o brasileiro perdeu um round.

A luta contra o russo Artem Mytarev foi marcada por reviravoltas — Henrique vencia o segundo round por 7 a 0 quando sofreu uma virada por 10 a 9 e a disputa foi para o assalto decisivo —, mas o dia era do brasileiro e ele venceu por 2 a 1.

As demais representantes brasileiras do dia, Raiany Pereira (acima de 73kg) e Júlia Nazário (até 46kg) foram eliminadas nas oitavas de final.

Além do ouro de Maria Clara, na sexta-feira, o Brasil só havia chegado ao topo do pódio uma vez: em 2005, Natália Falavigna foi campeã mundial em Madrid, na categoria até 67kg. E a delegação brasileira de taekwondo mira mais resultados ainda neste Mundial.

A partir da próxima madrugada, de segunda para terça (em Brasília), até a manhã da quinta-feira, outros cinco atletas brigarão por medalhas no campeonato.

São eles: Milena Titoneli (até 67kg), João Victor Diniz (até 68kg), Paulo Ricardo Melo (até 58kg), Celydiene Carneiro (até 62kg), Nívea Maria da Silva (até 53kg) e Edival Pontes (até 74 kg), que foi medalhista de bronze em Paris-2024.

Arritmia
O título mundial consagra o trabalho duro do atleta, que, nos últimos anos, precisou superar uma grande adversidade.

Nascido em Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, Henrique começou a praticar taekwondo aos oito anos, por meio de um projeto social. Ele demonstrou aptidão para a luta e, a dedicação obsessiva com o esporte resultou em uma impressionante curva de aprendizado e participações expressivas em campeonatos.

Aos 18 anos, ele ficou com a medalha de bronze nos Pan-Americano de Taekwondo, em Punta Cana. No ano seguinte, se preparava para disputar os Jogos Pan-Americanos de Santiago quando descobriu um problema de saúde durante a bateria de exames pré-competição.

Foi detectada uma arritmia cardíaca, algo que não apenas comprometia sua participação no torneio continental, como também a continuidade da carreira.

Na época, o treinador de Henrique, Ariel Longo, afirmou que o caso do atleta foi um "caso raro" e até uma aposentadoria forçada foi cogitada.

Ele passou meses em uma ponte aérea entre Rio de Janeiro e São Paulo durante o tratamento, mas já em janeiro de 2024 ele foi liberado para voltar às competições. Henrique conseguiu a classificação para as Olimpíadas de Paris-2024 e avançou até as oitavas de final na competição.

Se 2024 o tema era a superação, em 2025 Henrique escreve uma história de triunfos. Há dois meses, ele saiu dos Jogos Pan-Americanos Júnior, em Assunção, com duas medalhas de ouro: em sua categoria, até 80kg, e ao lado da equipe brasileira mista.

E todas as conquistas de Henrique têm um fim maior do que o triunfo esportivo: ele busca garantir melhores condições de vida para ele e para a mãe. Ela trabalha como guia, e o jovem atleta tem o sonho de conseguir sustentá-la para que possa descansar.

Veja também

Newsletter