Sáb, 13 de Dezembro

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Yuri Romão fala sobre saída do Sport: "Meu sentimento hoje é de dever cumprido"

Em entrevista à Folha de Pernambuco, o agora ex-presidente abriu jogo sobre erros, acertos e como deixa o clube

"Eu não costumo me arrepender das coisas. Costumo me arrepender do que não fiz", declarou Yuri Romão"Eu não costumo me arrepender das coisas. Costumo me arrepender do que não fiz", declarou Yuri Romão - Foto: Leandro de Santana/Folha de Pernambuco

Chegou ao fim na última sexta-feira a passagem de Yuri Romão na presidência do Sport. O agora ex-mandatário apresentou a renúncia ao cargo no fim de novembro, em meio ao mau momento do clube em 2025.

O ano que se mostrava promissor e cheio de expectativas pela volta do Leão à elite futebol nacional, acabou marcado por insucessos, como o rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro obtendo a pior campanha de um time nordestino na era dos pontos corridos.

Em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, o dirigente abriu o jogo sobre erros, acertos e como deixa o Rubro-negro para a gestão que assumir o Leão a partir de segunda-feira, quando será eleito um novo presidente.

Yuri Romão, ex-presidente do SportYuri Romão afirmou ter colocado cargo à disposição em junho. Foto: Leandro de Santana/Folha de Pernambuco

Confira outros pontos da entrevista

Dever cumprido
“Eu acho que nem tristeza e nem arrependimento. Eu não costumo me arrepender das coisas. Costumo me arrepender do que não fiz. Meu sentimento hoje é de dever cumprido, apesar do ano de 2025. Essa página da gestão ter sido ruim, indefensável. Dizer que me arrependi, estou triste ou magoado, não. Ser presidente do Sport é algo muito honroso. Tenho uma gratidão imensa aos sócios que, por duas vezes, me elegeram com votações expressivas, acreditaram no projeto. Mais uma vez, peço desculpas pelo projeto 2025 não ter dado certo, foi realmente desastroso.”

Por que saiu?
“Eu tenho um senso de responsabilidade muito aguçado. Não adianta eu continuar tendo imprensa, torcida e oposição tudo contra. Não tenho vaidade e nunca tive em estar aqui. Pelo contrário, acho que fui o presidente mais ‘low profile’ desse clube. Essas conversas (para sair) iniciaram em junho. Coloquei o cargo à disposição, mas um grupo que liderava a oposição fez um monte de exigência. Falei: ‘Estou abrindo mão do mandato para sofrer exigência?’. Fiquei. Recentemente voltei a me reunir com ex-dirigentes e costuramos essa saída em prol do clube.” 

Aprendizado
“Isso aqui é uma pós-graduação em Harvard. Você tem aqui diversas circunstâncias diárias e que você precisa tomar decisões. Isso aqui foi um manancial de ensinamentos de anos. No mundo do futebol hoje existe um hiato grande de dirigentes. Tem a velha guarda e os mais novos. Você tem que saber dialogar com essas pessoas, não depender só dos números. Você tem que ter o ‘olhômetro’ também, um pouco mais de experiência. Acho que para mim faltou essas pessoas com mais experiência.” 

Cobranças 
“O futebol no Brasil tem passado por uma transformação grande a nível de profissionalização, mas uma coisa não muda, que é a cultura de imediatismo. Há uma cobrança excessiva. Tudo que é passional inflama. Eu sofri muito, mas até pela idade, passei bem. Ruim é quando passa para a família. No meu caso específico, as cobranças vieram junto à oposição que, quando se junta à torcida, vira um imbróglio gigante. Botaram carro de som na minha casa, na frente da escola da minha filha, atacaram um projeto social que tenho. Ligaram e mandaram mensagens para minhas filhas, coisas que tenho vergonha de dizer. Isso é ruim, perde a razão. Foram seis meses longos, mas que está finalizando agora.”

Voltaria ao Sport?
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Vai ser o primeiro janeiro, depois de quatro anos, que pretendo tirar uns dias de descanso e depois voltar ao trabalho normal na empresa. Mas, se chamado for para ajudar, opinar, não tem problema algum. Se precisar interceder junto à CBF, à Liga Forte União, farei sem problema. Sem ressentimento de qualquer coisa."

Maior investimento da história
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O planejamento eu acredito que estava até certo. Eu acredito que pecamos na execução. A gente não soube colocar em prática aquilo que era necessário para ter um bom desempenho. Ou seja, um time mais operário e de menos estrela. A gente subiu em 25 de novembro de 2024 e na terça-feira seguinte já fiz uma reunião com Pepa e outras pessoas para planejar o ano seguinte. Tínhamos um grupo de cinco pessoas que começaram a me apresentar atletas que compõem o elenco e que não deu liga."

Houve frustração?
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Frustração houve. Da torcida à diretoria. Os números mostram. A questão de não dar liga, eu não saberia dizer, sinceramente. Todos (os jogadores) são muito profissionais. Não tivemos problemas de elenco, que é comum de ver, com ego. Tivemos uma temporada muito diferente. Erros de arbitragem, jogos que jogamos bem, ganhando, e tomamos revés. É uma cesta de fatores que fizeram que não houvesse liga. Eu, enquanto presidente, fiz o que estava ao alcance. Melhorias no CT, logística, enfim. Tentamos fazer tudo para melhorar, mas não deu liga."

Atrasos salariais
Temos operações financeiras em andamento para quem entrar quitar até o dia 31. Temos verba de liga, luvas da nova patrocinadora (BaladAPP)... Isso é a coisa mais comum, todos os clubes fazem isso.

Modelo de SAF
Hoje, a gente tem 95% da modelagem da SAF. A gente ia ao mercado agora em 2026. Está pronto, duas consultorias gigantes fizeram a modelagem. Não é uma construção política, quem coordenou não foi nenhum executivo. Inclusive, é estatutário, quem coordenou foi o Conselho Deliberativo. Quem chegar, pode colocar uma SAF em fevereiro. É verdade que o mercado deu uma esfriada, estão atrás dos pequenos, que não é o caso do Sport. Isso digo em relação a investidores locais, não internacional. De toda forma, o modelo está pronto. A gestão que entrar, pode mudar, vai da personalidade da gestão.

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