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Haiti volta à Copa após mais de 50 anos, mas torcedores são proibidos de viajar aos EUA

Seleção está liberada para competir, mas fãs não têm isenção na política migratória de Washington

Haiti não deve ter presença da torcida na Copa de 2026 Haiti não deve ter presença da torcida na Copa de 2026  - Foto: Reprodução

A classificação histórica do Haiti para a Copa do Mundo masculina — a primeira desde 1974 — foi recebida com festa no país caribenho, mas parte da comemoração deu lugar à frustração: as restrições de viagem impostas pelo governo dos Estados Unidos devem impedir que muitos torcedores haitianos acompanhem a seleção em solo americano no próximo verão.

Em junho, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva proibindo a entrada de cidadãos de 12 países, incluindo haitianos, tanto imigrantes quanto não imigrantes. A medida, segundo o governo, tem como objetivo “proteger a segurança nacional e os interesses dos Estados Unidos”.

O documento afirma que o Haiti foi incluído na lista devido às altas taxas de permanência ilegal registradas pelo Departamento de Segurança Interna em 2023: 31,38% entre visitantes com visto B-1 ou B-2 e 25,05% entre estudantes e intercambistas. O texto também cita a falta de uma “autoridade policial centralizada” no país e o impacto migratório de haitianos que teriam entrado ilegalmente nos EUA nos últimos anos.

 

O Haiti enfrenta ainda uma grave crise interna: após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, gangues passaram a controlar 90% de Porto Príncipe, segundo a ONU. A seleção precisou disputar suas partidas “em casa” fora do país nas Eliminatórias da Concacaf, incluindo a vitória por 2 a 0 sobre a Nicarágua, em Curaçao.

A ordem executiva prevê uma isenção apenas para atletas, incluindo treinadores e membros de staff em competições globais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Torcedores, porém, não estão contemplados.

Questionados pelo The Athletic sobre possíveis negociações para permitir a entrada de fãs haitianos, a embaixada do Haiti em Washington, a FIFA e o Departamento de Estado não responderam até a publicação da reportagem.

Um porta-voz do Departamento de Estado confirmou que a exceção para atletas não se estende a espectadores, embora todos os portadores de ingressos possam agendar entrevistas para tentar um visto.

Ele ressaltou, porém, que os solicitantes deverão demonstrar intenção de seguir as leis americanas e deixar o país ao final do torneio.

— A segurança dos Estados Unidos e a proteção de nossas fronteiras SEMPRE virão em primeiro lugar.

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