Por que a Rússia está banida do esporte mundial, mas Israel não?
COI alega que Israel respeita a Carta Olímpica e mantém atletas em competições
A diferença de tratamento entre Rússia e Israel no esporte internacional tem gerado questionamentos nas últimas semanas. O debate ganhou força depois que o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, defendeu a expulsão de Israel das competições, citando relatório da ONU que acusa o país de genocídio na Palestina.
De acordo com o jornal espanhol As, o Comitê Olímpico Internacional (COI), no entanto, afirma que “Israel respeita a Carta Olímpica” e que sua situação não é comparável à da Rússia e da Bielorrússia. Por isso, atletas israelenses participam normalmente de torneios, como o Mundial de Atletismo em Tóquio.
O que diz a Carta Olímpica
A Carta Olímpica é o estatuto que rege o COI e seus Comitês Olímpicos Nacionais (CONs). Segundo o Artigo 28, a jurisdição de cada CON deve coincidir com as fronteiras reconhecidas do país onde está sediado. Em 2023, o Comitê Olímpico Russo foi suspenso após absorver federações de regiões da Ucrânia anexadas por Moscou, o que alterou suas fronteiras esportivas. Já o Comitê Olímpico Israelense nunca reivindicou a Palestina.
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Suspensão da Rússia
Quatro dias após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, o COI recomendou que federações internacionais não convidassem russos e bielorrussos para competições. Caso participassem, seria sob bandeira neutra, sem hino ou símbolos nacionais.
Desde então, atletas russos foram barrados de Olimpíadas, Copas do Mundo e torneios europeus de maior destaque. Clubes também foram excluídos da Liga dos Campeões e da Euroliga, enquanto no tênis só competem como equipes neutras.
A decisão contra a Rússia ocorreu em meio a duras sanções políticas e econômicas impostas por grande parte da comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos. O COI também alegou violação da Trégua Olímpica em vigor durante os Jogos de Inverno de Pequim.
Já no caso de Israel, embora haja pressão de parte da comunidade internacional, a instituição argumenta que sua Carta não foi infringida.
Para dirigentes do COI, expulsar Israel poderia abrir precedente perigoso. A entidade reforça que os Jogos Olímpicos são “um refúgio de paz” e um dos poucos espaços onde países em conflito convivem. “Ou permanecemos neutros ou deixamos de existir”, disse o membro Juan Antonio Samaranch. A nova presidente do COI, Kirsty Coventry, tem repetido que a neutralidade política é princípio fundamental para garantir a sobrevivência do movimento olímpico.

