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Malafaia chama Moraes de "ditador da toga" e diz que celular e "cadernos bíblicos" foram apreendidos

Pastor não foi indiciado em investigação que envolve Jair e Eduardo Bolsonaro, mas segue na mira da PF

Pastor Silas Malafaia, em vídeo nas redes sociais Pastor Silas Malafaia, em vídeo nas redes sociais  - Foto: Reprodução

O pastor Silas Malafaia chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de "ditador da toga", horas depois de ser detido pela Polícia Federal ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio.

O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo prestou depoimento no âmbito das investigações sobre supostas ações de coação e obstrução promovidas por Jair e Eduardo Bolsonaro, supostamente com o objetivo de interferir no andamento ação penal que julga o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. O relatório final do caso veio a público nesta quarta-feira.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Malafaia disse que seu celular e "cadernos com mensagens bíblicas" foram apreendidos durante buscas da PF.

— Mais uma prova inequívoca que Alexandre de Moraes, o ditador da toga, promove perseguição política e agora a religiosa também. Venho denunciando os crimes desse ditador nesses quatro anos — disse o pastor. — Chegando de Portugal, fui interceptado pela PF por ordem de Alexandre de Moraes. Meu celular [foi] apreendido, cadernos meus de mensagens bíblicas. Eu sou à moda antiga, eu uso cadernos.

 

Ao deixar a delegacia da PF no Galeão, o pastor já havia classificado como “retaliação” a decisão do ministro, em entrevista a jornalistas. Ele garantiu que iria reforçar os ataques ao magistrado.

Malafaia e o influenciador Paulo Figueiredo não foram formalmente indiciados pela Polícia Federal (PF) no relatório final do caso. Os dois, porém, continuam sendo investigados pela corporação. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve analisar se o material já reunido pelos investigadores é suficiente para apresentar denúncia contra ambos junto com outros aliados de Jair Bolsonaro.

No caso de Malafaia, o ministro Alexandre de Moraes apontou que suas condutas representaram “claros e expressos atos executórios” de crimes como coação no curso do processo e obstrução de investigações. O pastor teria orientado Bolsonaro a condicionar a suspensão de sanções impostas pelos Estados Unidos a uma anistia aos investigados de 8 de janeiro, além de ameaçar ministros do STF e suas famílias em mensagens obtidas pela PF. O celular de Malafaia ainda passará por perícia e ele também deverá prestar depoimento.

Paulo Figueiredo, neto do último presidente da ditadura militar, é investigado por ter participado de articulações nos Estados Unidos ao lado de Eduardo Bolsonaro para tentar influenciar Donald Trump a intervir no processo que corre contra o ex-presidente. Segundo a PF, ele atuou na difusão de narrativas falsas no exterior, com o objetivo de deslegitimar as instituições brasileiras e reforçar a pressão internacional contra o Supremo.

Embora não tenham sido incluídos no rol dos indiciados, Malafaia e Figueiredo permanecem na mira das autoridades. Caberá agora à PGR avaliar se as provas colhidas até aqui já justificam o oferecimento de denúncia, o que ampliaria o leque de acusados formais no processo sobre a trama golpista

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