Sáb, 20 de Dezembro

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Os sete acenos de Janja aos eleitores evangélicos em três meses

Movimento da primeira-dama ocorre em meio à tentativa do governo Lula de atrair o eleitorado evangélico, altamente alinhado ao bolsonarismo desde 2018

Janja em encontro com mulheres evangélicas em Pernambuco nesta quarta-feira Janja em encontro com mulheres evangélicas em Pernambuco nesta quarta-feira  - Foto: Reprodução/Instagram

O encontro da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, com mulheres da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito nesta quarta-feira em Caruaru, no interior de Pernambuco, é o sétimo aceno dela ao segmento religioso em três meses.

Desde julho, Janja compareceu em agendas semelhantes no Rio de Janeiro, Salvador, Manaus e no Distrito Federal, além de participar de um culto em Nova York e de um podcast sobre o tema.

A ideia é que esse tipo de reunião seja um espaço para as mulheres abordarem temas da sua realidade social e demandas voltadas a políticas públicas. Janja, que é católica, faz intervenções e responde a perguntas.

O esforço da primeira-dama ocorre em meio à tentativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de atrair o eleitorado evangélico, altamente alinhado ao bolsonarismo desde 2018.

Os resultados da pesquisa mais recente de avaliação da gestão, divulgados pela Quaest no mês passado, mostraram que o petista segue mais desaprovado do que aprovadoentre evangélicos: 61% e 35%. A diferença de 26 pontos percentuais, porém, é a menor entre os indicadores no ano. No ápice, em julho, a distância chegou a 41 pontos.

Em uma publicação nas redes sociais, Janja descreveu o encontro como “potente” e destacou a “troca de experiências” com as mulheres evangélicas: “Momentos como esse, de escuta e de compartilhamento de vivências, encorajam cada uma de nós para seguir nossos caminhos de cabeça erguida”, escreveu.

A reunião desta quarta-feira ocorreu quase duas semanas após o mais recente aceno de Lula aos evangélicos. Durante uma entrevista ao podcast “Papo de Crente”, gravado no Palácio da Alvorada, Lula comentou que evita comparecer a cultos durante campanhas eleitorais para não dar uso político aos espaços religiosos.

— Se alguém achar que vou ganhar uma eleição porque vou numa igreja fazer discurso, esqueça de mim, porque não vou fazer. Faço para o religioso onde ele estiver, mas não me faça utilizar uma igreja como palanque, porque eu não vou utilizar — afirmou.

Janja participou do programa apresentado pelo pastor Marco Davi de Oliveira ao lado do marido. Durante a conversa, ela pontuou que sentiu “necessidade de entender como as políticas públicas do governo do presidente Lula têm chegado às mulheres”, destacando as mulheres periféricas e negras.

A primeira-dama também disse, no podcast, estar passando por um momento de "revelação" ao participar de encontros com mulheres evangélicas e se "sentir confortável nesses ambientes e muito bem acolhida". Ao final da entrevista, Janja cantou um louvor com uma das apresentadoras do podcast. A canção escolhida foi “Deus Cuida de Mim”, de Kleber Lucas.

Dois dias após a exibição do podcast, Janja participou de em um culto na igreja batista The Abyssinian Baptist Church, no bairro do Harlem, em Nova York. Durante o culto, a primeira dama foi apresentada como "convidada especial" pelo Reverendo e aplaudida pelos fiéis presentes, que também cumprimentaram integrantes da delegação brasileira que a acompanhava nas agendas que envolviam desde a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) até a COP30.

Aproximação recente
O primeiro dos encontros de Janja aconteceu no Rio de Janeiro em julho, na Igreja Batista de São Cristóvão, com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. À época, Janja decidiu buscar uma aproximação com mulheres religiosas, mesmo diante de desgastes vinculados à sua imagem.

Dados da pesquisa Datafolha de junho mostravam que, para 36% dos brasileiros, as ações da primeira-dama mais atrapalhavam que ajudavam o governo, enquanto 14% tinham a percepção oposta: de que as atitudes de Janja mais contribuíam para a gestão do petista.

No mês seguinte, Janja participou de um encontro com evangélicas em Salvador, Manaus e Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal onde nasceu a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Durante a agenda em Manaus, Janja abriu sua fala afirmando que não iria "xingar o marido de ninguém" ali em referência a uma crítica de Michelle. Na semana anterior, a ex-primeira-dama chamou Lula de pinguço e cachaceiro em um evento do PL em Natal.

— Esses diálogos, são diálogos principalmente de paz. A gente quer trazer e quer ouvir palavras de paz. Eu garanto a vocês que não vou xingar o marido de ninguém aqui, que não é esse o meu papel. Meu papel é esse que estou fazendo, que é papel do diálogo, que venho fazendo desde domingo, que vim fazendo semana passada no Nordeste conversando com as mulheres, um diálogo da paz — afirmou Janja.

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