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RIO DE JANEIRO

Abordagem policial a jovens no Rio: Castro diz que Itamaraty só enviou ofício após "avacalhar" PM

Governo brasileiro pediu desculpas por tratamento dado a adolescentes estrangeiros no Rio de Janeiro na semana passada

Abordagem da PM a adolescente em Ipanema foi gravada por câmeras de segurança Abordagem da PM a adolescente em Ipanema foi gravada por câmeras de segurança  - Foto: Reprodução

Durante a inauguração de uma base do programa Segurança Presente nos acessos do aeroporto internacional do Galeão, nesta quarta-feira, o governador do Rio, Cláudio Castro, comentou mais uma vez sobre a abordagem de policiais militares a cinco adolescentes em Ipanema, ocorrida na última semana.

Depois de afirmar, ontem, que não foi procurado pelo Ministério das Relações Exteriores, nesta tarde o governador disse que o ofício até foi enviado, mas depois de o Itamaraty “avacalhar” e “achincalhar” com a Polícia Militar. Para ele, houve “julgamento precipitado” das autoridades federais.

"Quando eles querem, eles ligam. Enviaram um ofício posterior, depois de ter avacalhado a polícia. Totalmente dispensável esse ofício deles. Todos têm meu telefone: antes de dar declaração, liga", afirmou Cláudio Castro, queixando-se de que o posicionamento público veio antes de ouvir o Estado.

Castro não soube precisar quando o ofício foi enviado — disse que pode ter sido nesta terça-feira — mas afirma que foi “depois de criticar publicamente” a atitude policial. Para ele, o ministério “perdeu tempo” ao se comunicar dias depois.

O governador do Rio afirmou ainda que se os policiais erraram na abordagem, acusada de racista, eles serão punidos, mas dentro do “devido processo legal”.

"Não avalio que não houve excessos. Isso quem está avaliando é a Corregedoria da Polícia Militar. O que eu falei (ontem, em evento no Centro Integrado de Comando e Contole) é que é muito fácil crucificar a polícia. Naquela região de Copacabana, Ipanema e Leblon a maior demanda de segurança pública é exatamente por roubos e furtos feitos por jovens", disse Cláudio Castro, que completou:

"Se a gente for lá fazer uma pesquisa com os moradores, (isso) é exatamente o que os moradores dali querem, a polícia evitando roubos e furtos (cometidos) por menores e jovens que têm aterrorizado aquela região".

Posição do Itamaraty
Como O GLOBO mostrou, integrantes do Itamaraty afirmaram que, ao contrário do que declarou o governador do Rio, o órgão comunicou ao governo do estado que pediria desculpas às famílias dos adolescentes que foram abordados por policiais militares.

Três jovens são negros, o que gerou acusações de racismo. Segundo esses interlocutores, o documento, datado de 5 de julho (última sexta-feira), também solicitava a apuração dos fatos.

Outro ponto destacado pelos diplomatas ouvidos pelo GLOBO é que não houve "nota pública", como disse o governador: o Ministério das Relações Exteriores chamou os representantes das embaixadas do Gabão, de Burkina Faso e do Canadá para pedir desculpas pelo ocorrido, em nome do governo brasileiro.

As famílias dos jovens acusam a Polícia Militar de racismo. O caso se tornou público depois que a mãe de um dos adolescentes denunciou o episódio numa rede social.

Ao saber da abordagem e ver as imagens da câmera de segurança do prédio, Rhaiana Rondon acusou os policiais de racismo.

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