Adolescentes apreendidos por assassinatos se inspiraram em jogo para cometer crime; gar
Pais e irmão de 3 anos de garoto foram mortos a tiros e tiveram corpos jogados em cisterna da casa da família
O adolescente de 14 anos e sua namorada virtual, de 15, apreendidos pela morte do pai, da mãe e do irmão dele, de 3, em Itaperuna, no Norte Fluminense, se inspiraram num jogo para cometer o crime. A informação é do delegado Carlos Augusto da Silva, titular da 143ª DP. De acordo com ele, é um jogo de "terror psicológico" que não era jogado pelos menores, mas acompanhado por eles.
— Eles se identificavam com esse jogo, mas não jogavam. Pesquisei e vi que esse jogo chegou a ser banido na Austrália e voltou reclassificado como 18 mais. Deve ser um jogo bem diabólico, sobre um casal de irmãos que praticavam incesto e matavam os pais, no qual eles se espelhavam — disse Carlos Augusto.
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O garoto foi apreendido no último dia 25, após a localização dos corpos dos pais e do irmão. Já menina foi apreendida nesta segunda-feira, em Mato Grosso do Sul. Em depoimento, ela negou participação no crime.
Mas, de acordo com a polícia, a troca de mensagens entre eles mostra a participação efetiva da garota nas morte e, inclusive, que os dois cogitaram matar a mãe dela e a avó do adolescente — esse último assassinato foi descartado porque o casal achou que chamaria muita atenção mais uma morte na família.
— Infelizmente verificamos, pelo teor das conversas, que realmente tem, sim, participação efetiva dela. Tantos em momento anterior, como durante as execuções e no momento posterior. Isso nos possibilitou colocá-la na cena do crime. Era realmente foi partícipe. Ela o induziu e o instigou a todo o momento.
A análise das conversas, de acordo com Carlos Augusto, mostra o que ele chamou de "barbaridade":
— Conseguimos mostrar a premeditação, os atos preparatório, o planejamento em si e os atos executórios.
O delegado destacou ainda que os casal de namorados conversou ainda sobre o que fazer para não serem descobertos. Os diálogos citavam ainda o distanciamento dos adolescentes e, durante um deles, a garota disse que o rapaz deveria "ser homem" e fosse visitá-la ficando clara, de acordo com o policial, uma chantagem emocional.
De acordo com o delegado, os adolescentes se conheceram há seis anos e conversavam por redes sociais — a menina criou um perfil para conversar com o garoto. No último ano o relacionamento ficou mais sério, mas a distância era um impedimento para que se encontrassem.
— Houve também um ultimato, dado pela própria adolescente, acerca do término do relacionamento caso não se encontrassem pessoalmente, o que reforça a chantagem. E verificamos conversas sobre como ele obteria dinheiro para que viajasse. Também foram verificadas conversas sobre métodos de matar, se com arma de fogo ou facadas e qual seria a ordem dessas mortes — afirmou Carlos Augusto.
Os diálogos
O policial contou que numa das conversas, é falado que o pai deveria ser morto primeiro, caso contrário poderia impedir a execução da mãe e do irmão:
— E, também, conversa sobre como sumiriam com os corpos, sobre cães farejadores da polícia, dobre picar os cadáveres, queimar ou até mesmo dar para porcos comerem, numa demonstração de total menosprezo pela vidas dos familiares do adolescente.
Carlos Augusto disse, ainda, que os adolescentes conversaram sobre esperar algum momento em que o irmão caçula do garoto estivesse distante para que os assassinatos de pai e mãe fossem cometidos.
Arma estava embaixo do colchão dos pais
À polícia, o adolescente contou que estava dormindo no quarto dos pais porque era o único cômodo com ar-condicionado. Para se manter acordado, ele tomou um pré-treino e esperou a família adormecer para cometer o crime. A arma, que pertencia ao pai, estava escondida embaixo do colchão do casal.
Após matar a família, o garoto contou que passou um produto de limpeza no chão até a cisterna, o que o ajudou a arrastar os corpos.
— Pelo que a gente percebeu na casa, a cisterna ficava entre 4 a 5 metros de distância do quarto. Não era muito longe — disse o policial.
A arma usada pelo adolescente foi apreendida na casa da avó. Ela contou a polícia que encontrou o objeto na casa do neto e a recolheu com medo de que ele pudesse se machucar. Os agentes acreditam que ela não participou e nem sabia do crime.
— Ele foi muito espontâneo ao contar como cometeu os crimes. É um menino frio, sem remorso. Perguntamos se ele se arrependia, e ele disse que não, que faria tudo de novo. As respostas que ele nos deu foram rápidas e o tempo todo ele se autoafirmava como homem. Tinha um "que" de psicopatia. Ele pode ter premeditado tudo ou é um menino muito inteligente — concluiu o delegado.

