Apontado como mandante do assassinato de galerista no Rio, ex-marido é indiciado nos EUA
Durante a conspiração do crime, segundo a Justiça americana, Sikkema ordenou a transferência de dólares ao comparsa
Réu no Rio de Janeiro como mandante do assassinato do ex-marido e galerista Brent Fay Sikkema, de 75 anos — crime ocorrido no bairro do Jardim Botânico, na Zona Sul carioca, em janeiro do ano passado — o cubano Daniel Sikkema foi indiciado pela Justiça americana nesta terça-feira.
Conforme comunicado de imprensa da Procuradoria do Distrito Sul de Nova York, Daniel é acusado de "complô" para o assassinato do ex-companheiro.
"Conforme alegado, Daniel Sikkema e seu co-conspirador planejaram e executaram um plano a sangue frio para assassinar o marido de Sikkema, um cidadão dos Estados Unidos, no Brasil", afirmou a procuradora Danielle R. Sassoon.
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"Este Gabinete buscará obstinadamente justiça contra aqueles que assassinam cidadãos dos Estados Unidos, seja em casa ou no exterior."
Brent Sikkema foi assassinado com 18 facadas, golpes aplicados no tórax e no rosto da vítima, em janeiro de 2024. Na ocasião, ele vivia um processo de divórcio conturbado com Daniel, o que envolvia um patrimônio multimilionário.
Três dias após o crime, Alejandro Triana Prevez, conterrâneo de Daniel, foi preso na BR-050, na altura de Uberaba (MG).
À polícia, ele confessou ter sido contratado pelo ex-marido do galerista, para cometer o assassinato, sob a promessa de pagamento de 200 mil dólares. O acesso do assassino ao imóvel em que a vítima morava teria sido permitida graças a chaves fornecidas por Daniel.
Transferências em dólar
Preso anteriormente por fraude de passaporte em fevereiro de 2024, Daniel, de forma consciente e intencional, conforme menciona o documento de indiciamento, pediu um passaporte novo para seu filho, afirmando que o documento havia sido perdido.
O cubano, no entanto, sabia que a afirmação era falsa, segundo seu indiciamento. Na realidade, o passaporte havia sido retido por Brent, ainda em vida, durante o processo de divórcio.
Além da fraude de passaporte, as outras acusações que agora pesam sobre Daniel Sikkema são as de conspiração de assassinato por aluguel resultando em morte, em violação às leis dos Estados Unidos; pelo assassinato em si, utilizando ou fazendo com que outra pessoa utilizasse rodovia interestadual para executar o plano; e conspiração para assassinar e mutilar uma pessoa em país estrangeiro.
De acordo com o processo, Daniel cometeu "atos ostensivos" inclusive dentro da jurisdição dos Estados Unidos. Desde o fim de julho de 2023, pouco mais de cinco meses antes do crime ser cometido, a Justiça americana detalha a transferência de quantias em dólar, ordenadas pelo ex-marido do galerista, para o comparsa, responsável por consumar o assassinato.
Em cinco pagamentos, Daniel ordenou a transferência de ao menos 5,2 mil dólares ao comparsa, através de intermediários ou do uso de uma identidade falsa.
Durante o período em que se conspirou o crime, segundo a acusação, Daniel solicitou ainda a compra de uma linha telefônica brasileira e a criação de uma conta num aplicativo deste celular, por onde a dupla teria se comunicado após o crime.
A denúncia menciona ainda que, no dia seguinte ao assassinato, o ex-marido do galerista contatou ainda outro intermediário, solicitando pagamento de 5 mil dólares

