Sex, 05 de Dezembro

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conferência das nações unidas

Austrália e Turquia em queda de braço para sediar próxima COP

Se nenhum dos dois países retirar sua candidatura ou aceitar um acordo, ficarão de fora

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) ocorre em Belém (PA) até o dia 21 de novembro de 2025Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) ocorre em Belém (PA) até o dia 21 de novembro de 2025 - Foto: Sergio Moraes/COP30

Na COP30 em Belém do Pará, o pavilhão da Austrália está situado ao lado do da Turquia, uma proximidade incômoda entre dois países que competem para sediar a conferência climática do próximo ano.

No momento em que o Brasil quer mostrar que a diplomacia climática funciona, Canberra e Ancara estão sob pressão para chegar a um acordo e evitar cenas embaraçosas na capital paraense.

Se nenhum dos dois países retirar sua candidatura ou aceitar um acordo, Austrália e Turquia ficarão de fora. Nesse cenário sem precedentes, a COP31 recairia sobre a Alemanha.

A proximidade entre os pavilhões da Austrália e da Turquia é "100% intencional", afirma Kathryn McCallum, ativista da Climate Action Network Australia.

"A presidência brasileira quer que eles resolvam o problema", disse McCallum à AFP.


— "No mais alto nível" —
Em uma sutil diplomacia à base de cafeína na COP30 — capuccinos do lado australiano e forte café turco no pavilhão de Ancara —, os dois países tentam atrair visitantes e interesse por suas propostas para a COP31.

Enquanto isso, há negociações mais sérias: o Brasil designou um emissário para persuadir a Austrália e a Turquia a chegar a um acordo antes do encerramento da conferência, em 21 de novembro, até agora sem sucesso.

Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro Anthony Albanese disse a jornalistas em Sydney que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, "mantém sua posição em resposta ao fato de a Austrália manter a sua".

Questionada pela AFP se acreditava que haveria uma resolução para o caso em Belém, a ministra turca para o Clima, Aysin Turpanci, afirmou: "Estamos fazendo o melhor possível".

Mas acrescentou: "Continuamos comprometidos em sediar a COP31".

A Austrália discutiu o assunto com a Turquia "no mais alto nível" e quer resolvê-lo, disse à AFP o vice-ministro australiano para o Clima, Josh Wilson.

"Mas está claro (...) que nossa proposta conta com um apoio internacional muito amplo e sólido", afirmou.

Segundo Wilson, o argumento para que a Austrália seja coanfitriã com as ilhas do Pacífico, que sofrem especialmente os efeitos do aquecimento global, é "convincente".

A Turquia também está otimista: "As chances para Turquia e Austrália são 50-50", disse à AFP uma fonte da delegação turca.

— No limite —
As conferências anteriores já tiveram disputas por candidaturas, mas "nunca houve uma que tenha chegado ao limite como esta", disse à AFP Alden Meyer, veterano das COPs e integrante do grupo de especialistas em clima E3G.

Segundo as regras da ONU, que governa as COPs, o anfitrião de 2026 deve pertencer ao bloco da Europa Ocidental e outros Estados, como Turquia, Austrália e Canadá.

Se não houver consenso, a COP31 voltará para Bonn, cidade alemã que abriga a Secretaria do Clima da ONU.

"A Alemanha não está buscando sediar essa COP", afirmou Jennifer Morgan, ex-negociadora climática alemã, à AFP em Belém.

Enquanto a disputa para o próximo ano continua, a Etiópia comemorou ter sido escolhida sede da COP32 em 2027.

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