Sáb, 06 de Dezembro

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Papa

Francisco era o "Papa da Amazônia", diz cardeal Leonardo Steiner, de Manaus

Religioso destacou preocupação de Francisco com povos originários e levou a região para o mundo

Dom Leonardo Steiner, cardeal de ManausDom Leonardo Steiner, cardeal de Manaus - Foto: Divulgação Arquidiocese de Manaus

O cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, descreveu Francisco como "o Papa da Amazônia" e exaltou o legado de Jorge Mario Bergoglio para a região.

Steiner afirmou que Francisco era um homem preocupado com as pessoas da Amazônia, especialmente os povos originários, os pobres e os mais necessitados.

— O Papa Francisco sempre que nos encontrava, perguntava: "E como vai nossa querida Amazônia?".

Durante a pandemia, ele chegou a ligar para saber como estávamos. Um homem profundamente preocupado com as pessoas daqui, com os povos originários, com os pobres, com os mais necessitados. Era o Papa da Amazônia — disse o cardeal em entrevista à rádio Rio Mar, de Manaus.

O cardeal Steiner destacou a importância do Sínodo para a Amazônia, realizado em 2019, em Roma, como um marco da preocupação do pontífice com a floresta e seus povos.

— A Amazônia vai dever muito ao Papa Francisco. Ele levou a Amazônia para o mundo, o mundo despertou para a Amazônia através de Papa Francisco, e por isso nós somos tão gratos por ele ter recordado a importância que a Amazônia tem. Tem em termos de oxigênio, em termos de meio ambiente, mas em termos também de cultura, mas também em termos do modo de ser igreja — disse o Cardeal.

Steiner também destacou que Francisco defendia uma igreja sinodal.

— Ele sabia que aqui há anos já se vem tentando caminhar uma igreja sinodal, uma igreja onde todos participam, e ele era um grande entusiasta da igreja da sinodalidade. Ele despertou o mundo para a Amazônia. Não apenas como região, mas como casa de culturas, de espiritualidade, de um modo próprio de ser Igreja — afirmou.

Na avaliação do cardeal Steiner, o sentimento que domina neste momento de partida do Papa Francisco é o da gratidão. Ele lembrou do bom humor do pontífice, que sempre tinha um sorisso no rosto.

— Nós tivemos um grande Papa. Um Papa preocupado com os pobres, com a misericórdia de Deus, que desejou que o Evangelho fosse motivo de esperança. Claro que todos sentimos por não termos mais seu sorriso, seu bom humor. Mas somos profundamente gratos a Deus por nos ter dado um Papa que nos ajudou a olhar para frente.

O cardeal destacou o trabalho de Francisco em reformas internas da Igreja, enfrentando temas sensíveis como os abusos sexuais e a estrutura econômica do Vaticano.

— Ele pensava sempre no bem das pessoas, não importava quem. Era um homem profundamente movido pela compaixão.

Steiner é um dos integrantes do Colégio de Cardeais e participará do conclave que elegerá o novo Papa.

Ele evitou projeções sobre o perfil do futuro pontífice, mas reforçou que o importante é “rezar para que Deus nos conceda um novo pastor, comprometido com o Reino e com o povo”.

— Ele nos ajudou muito na caminhada, especialmente aqui na Amazônia. Rezemos por ele, agradeçamos a Deus pelo Papa que tivemos e peçamos por um novo Papa que continue esta missão — disse Steiner, de 74 anos, que recebeu de Francisco o título de cardeal, em 2022, num gesto interpretado por muitios analistas da igreja católica como um reconhecimento da importância estratégica da região amazônica no futuro da Igreja.

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