Pesar pela morte do Papa é de todas as religiões, diz Dom Raymundo Damasceno, de Aparecida
Arcebispo emérito é o único religioso brasileiro que não pode votar no conclave por ter mais de 80 anos
Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito da Arquidiocese de Aparecida, São Paulo, disse que o pesar pela morte do papa Francisco é de todos, não só da igreja católica, mas das igrejas cristãs, em geral, e de outras religiões também.
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Francisco: morre o Papa reformista da igreja católica
— O Papa Francisco é muito querido de todos e de um modo muito especial dos latino-americanos e dos brasileiros. Eu o conheci como arcebispo de Buenos Aires. E muito querido porque esteve no nosso país. Nos visitou por ocasião da Jornada mundial da Juventude, em 2013. Esteve no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, onde tive o prazer de acolhê-lo — lembrou o religioso, dizendo que Francisco cunhou a expressão "a igreja é missionária", que vai ao encontro das pessoas, uma igreja aberta a todos, que acolhe todos, sobretudo os mais necessitados.
Francisco esteve em Aparecida participando da Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em 2007, presidida pela Papa Bento XVI, como delegado da Argentina, antes de se tornar Papa.
— Ninguém poderia imaginar que Bento renunciaria e Bergoglio seria seu sucessor — afirmou lembrando que Francisco teve participação ativa no evento e era sempre o último a chegar ao hotel, por volta de 23h.
— Tornou-se um Papa muito humano, gostava de contar piada e tinha um senso de ironia muito grande. Deixa um legado para a igreja e para a humanidade — relembrou ele, dizendo que Deus mandará um sucessor à altura para conduzir a igreja católica para continuar a abordagem de questões atuais, como o clima, que afligem a humanidade. como fez Francisco.
Damasceno disse que Francisco trouxe muitas novidades ao Vaticano. Por exemplo, criou uma nova Constituição, determinado que quem trabalha na Cúria deve ficar por apenas dez anos — antes não havia limites.
— Introduziu em cargos importantes pessoas leigas e do sexo feminino — afirmou Damasceno, lembrando que quando Francisco foi eleito Papa, ele pegou carona no ônibus dos cardeais para rezar sua primiera missa na Capela Sistina, dispensando o motorista e o carro.
— Sentou-se ao meu lado no ônibus, quando o convidei para visitar Aparecida, o que ele fez em 2013.
Damasceno é o único cardeal brasileiro da lista de "papáveis" que não poderá votar, mas poderá ser eleito no conclave que vai escolher o novo Papa. Isso ocorre pela regra que prevê o direito ao sufrágio apenas a cardeais com 80 anos — ele tem 88 anos.
Amigo pessoal do Papa Francisco, Dom Damasceno é arcebispo emérito da Arquidiocese de Aparecida, onde atuou por 13 anos.

