Carta-bomba enviada à embaixada da Ucrânia em Madri fere uma pessoa
Polícia isolou a área da embaixada, situada numa zona residencial ao nordeste da capital espanhola
Um funcionário da embaixada ucraniana em Madri foi ferido "levemente" por "uma explosão" ao manusear uma carta nesta quarta-feira (30), informaram à AFP fontes policiais.
"Por volta das 13 horas de hoje, a Polícia Nacional recebeu o alerta de uma deflagração na Embaixada da Ucrânia em Madri. Ocorreu quando um dos funcionários da embaixada manuseou uma carta", disseram as fontes policiais.
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"O funcionário sofreu ferimentos, em princípio leves, e foi por contra própria para um hospital", acrescentaram.
"A Polícia Nacional já investiga os fatos, com a participação da Polícia Científica", prosseguiram.
O funcionário ficou ferido em uma mão e saiu do hospital à tarde, informou o embaixador ucraniano na Espanha, Serhii Pohoreltsev, em entrevista à televisão pública espanhola.
A justiça da Espanha, por sua vez, iniciou diligências preliminares para investigar um possível crime de "terrorismo", informou um porta-voz do alto tribunal da Audiência Nacional, competente na questão.
As autoridades espanholas não mencionaram nenhuma pista até o momento.
Quando questionado, o embaixador ucraniano apontou implicitamente para a Rússia.
"Conhecemos os métodos terroristas do país agressor. Os métodos, os ataques da Rússia obrigam-nos a estar preparados para qualquer tipo de incidente, de provocação", disse o diplomata.
De acordo com correspondentes da AFP, a polícia montou um cordão de segurança em torno da embaixada, situada em um bairro residencial da capital espanhola. Uma viatura policial bloqueava o acesso à rua e muitos agentes policiais e bombeiros foram enviados ao local. O cordão foi finalmente levantado pouco depois das 17h00 locais [13h00 em Brasília].
Em um comunicado, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, afirmou que entrou em contato com seu colega ucraniano, Dmytro Kuleba, e com o embaixador da Ucrânia na Espanha, para averiguar o estado de saúde do funcionário ferido e transmitir seu "apoio e solidariedade" devido ao "ataque".
Segurança reforçada
Após a explosão da carta-bomba, a Ucrânia ordenou "reforçar a segurança" de todas as suas embaixadas.
"O ministro Dmytro Kuleba ordenou reforçar a segurança de todas as embaixadas ucranianas. Também pediu às autoridades espanholas que investiguem urgentemente este ataque", escreveu no Twitter o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, Oleg Nikolenko.
Segundo a delegada de governo da região de Madri, Mercedes González, o funcionário ferido era o encarregado de segurança da embaixada, que acabou surpreendido enquanto abria uma carta "endereçada ao próprio embaixador" e trazida pelo "carteiro que vem todos os dias à embaixada".
"O encarregado de segurança, que é a pessoa que abre habitualmente a correspondência [...], abriu este envelope no jardim da própria embaixada" quando houve a explosão, causando "uma pequena ferida em sua mão direita", explicou González à emissora de televisão local Telemadrid.
Esta quarta-feira, antes das 19h00 locais (15h00 no horário de Brasília), "também foi detectado um envio postal suspeito na sede da empresa Instalza (armamento), em Zaragoza (nordeste)" e unidades de desativação de explosivos "realizaram uma explosão controlada do dispositivo", disse uma fonte do Ministério do Interior.
Desde o começo da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, o governo espanhol do socialista Pedro Sánchez tem enviado ajuda a Kiev, especialmente militar. Mais recentemente, enviou geradores de eletricidade para fazer frente aos ataques russos contra as infraestruturas energéticas ucranianas.
Sánchez viajou em abril para Kiev para manifestar sua solidariedade ao governo do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

