CPI do Crime Organizado inicia fase de depoimentos com diretores da PF
Audiências com Andrei Rodrigues, Leandro Almada e Glautter Morais serão realizadas
A CPI do Crime Organizado do Senado inicia nesta semana a etapa de depoimentos de autoridades da cúpula da segurança pública, movimento considerado decisivo para o avanço das investigações. Nesta terça-feira (18), o colegiado ouvirá o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o diretor de Inteligência Policial da PF, Leandro Almada.
No dia seguinte, será a vez do diretor de Inteligência Penal da Senappen, Antônio Glautter de Azevedo Morais, e do promotor Lincoln Gakiya, referência nacional no enfrentamento ao PCC.
As audiências ocorrem em meio à crescente disputa entre governo e oposição pela pauta da segurança e pela tramitação do projeto Antifacção, texto do Planalto que endurece o combate às facções e já foi profundamente alterado na Câmara.
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O relator da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), pretende usar os depoimentos para mapear falhas de integração entre o sistema prisional, as forças policiais e os órgãos de inteligência, além de atualizar o diagnóstico sobre a expansão territorial e financeira das organizações criminosas.
A presença de Rodrigues e Almada deve abrir questionamentos sobre o trabalho da PF em cooperação com estados, especialmente após a megaoperação realizada no Rio de Janeiro no fim de outubro, que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.
Já na oitiva de Gakiya, senadores querem detalhar a atuação do PCC fora dos presídios, o uso de fintechs para lavagem de dinheiro e a infiltração de facções em setores legais da economia.
Instalada no início de novembro, a CPI dividiu os trabalhos em nove eixos, incluindo lavagem de dinheiro, controle de fronteiras, crimes digitais, ocupação territorial e corrupção.
O plano prevê ainda ouvir governadores como Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jerônimo Rodrigues (PT-BA), além dos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e José Múcio (Defesa).
Integrantes do governo defendem que a CPI mantenha foco técnico e não vire palanque eleitoral, enquanto a oposição tenta associar o Planalto à ineficiência do Estado no combate às facções.
O colegiado tem 120 dias para apresentar o relatório final, e um parecer preliminar deve ser divulgado em janeiro.

