Sáb, 06 de Dezembro

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FEMINICÍDIO

Defesa de homem que matou ex-namorada em ONG em Jaboatão pede teste de sanidade mental

Sessão foi encerrada perto do meio-dia

Vítima tinha 42 anosVítima tinha 42 anos - Foto: Cortesia

A primeira audiência de instrução e julgamento do feminicídio que vitimou a voluntária Simone Menezes Costa, de 42 anos, chegou ao fim por volta do meio-dia desta quarta-feira (9).

A sessão teve cerca de três horas e aconteceu na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife. O ex-namorado da vítima, Ewanderson João da Silva, 37, sentou no banco dos réus.

O feminicídio que a vitimou aconteceu em 29 de janeiro último, dentro da ONG Projeto Saúde Ativa Social, onde ela atuava como voluntária do setor administrativo, no bairro de Sucupira, em Jaboatão. O local seria inaugurado uma semana depois.

Oitivas
Conforme informou o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), foi feita a ouvida das testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que seriam dois voluntários da ONG e a irmã da vítima, na condição de informante. O acusado foi interrogado a distância, do Presídio de Igarassu.

De acordo com o advogado Johnny Nascimento, assistente de acusação, o defensor público que representa o acusado pediu a realização de um teste de sanidade mental, alegando que Ewanderson seria incapaz mentalmente de cometer o crime hediondo e que a solicitação seria apenas uma “medida protelatória, só para poder atrasar ou tumultuar o processo”.

“O assistente de acusação impugnou pelo exame e que fosse dado o prosseguimento ao processo. Ele [o acusado] alegou que não lembrava que cometeu o feminicídio de Simone no dia [29 de janeiro]. Ele informou que não lembra de nada, só lembra chegando [na ONG] e quando já estava em fuga. O assistente da acusação sabe muito bem que isso não é verdade”, relatou.

Ainda de acordo com Johnny, o acusado não apresentou resquícios de ter algum problema de insanidade mental. Com isso, ele justifica o pedido de impugnação pelo exame. O advogado assevera que Ewanderson não demonstra qualquer tipo de arrependimento.

“Ele é uma pessoa muito fria e com atitudes metódicas. Portanto, ele fez isso, de fato, premeditado, de forma torpe e cruel. Ele foi à casa da ex-companheira, porque disse que, no momento, foi o único local que pensou em ir. Abraçou a filha, pediu perdão, na hora. Eu questionei a ele. Se não lembrava que tinha assassinado, porque estava pedindo perdão a filha. Aí, ele entrou em contradição, dizendo que não lembrava também. Então, a assistência de acusação sabe muito bem que isso é só uma medida protelatória, a fim de tumultuar o processo”, complementou.

Familiares ergueram cartaz, pedindo justiça por Simone | Foto: Cortesia

“A assistência de acusação tem plena confiança de que essa solicitação desse exame de sanidade mental será indeferida. O juiz dará 15 dias úteis para prepararmos nossas alegações finais, onde ele pronunciará o réu e será encaminhado ao tribunal do júri para que a população possa sim fazer justiça”, finalizou.

Em nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco disse que "a  2ª Vara do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes vai avaliar o caso e decidir, posteriormente, se concede ou não a instauração de incidente de sanidade mental. Essa futura decisão será passível de recurso pela defesa, se ocorrer a negativa, ou pelo Ministério Público de Pernambuco, se for permitida.

Relembre o caso
No dia do crime, um técnico instalava internet na ONG quando Ewanderson João da Silva chegou ao portão. Simone autorizou a entrada dele, alegando ser o ex-namorado dela. Minutos depois que o técnico de internet foi embora, os dois ficaram sozinhos no local.

Após pouco tempo, a mulher foi encontrada morta, com pelo menos três golpes de faca, sendo duas na região do peitoral e uma no abdome, segundo a perícia.

O relacionamento teria começado em novembro de 2024, e os dois haviam terminado havia duas semanas. Informações da época dão conta de que o suspeito havia aparecido na ONG uma semana antes do crime, levando um buquê de flores e pedindo para reatar a relação, mas Simone não quis.

De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, naquele dia, Ewanderson foi autuado pela Equipe da Força Tarefa de Homicídios Metropolitana Sul por feminicídio consumado. Após ser encaminhado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Cordeiro, Zona Oeste do Recife, e realização dos procedimentos cabíveis, ficando à disposição da Justiça.

O sepultamento de Simone aconteceu no Cemitério Parque das Flores, no bairro de Tejipió, na Zona Oeste do Recife, em 30 de janeiro.

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