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Dentista é presa em Goiânia após denúncia de lesões em procedimentos estéticos

Hellen Kacia Matias da Silva, de 45 anos, era investigada por exercício ilegal da profissão

Hellen Kacia Matias da SilvaHellen Kacia Matias da Silva - Foto: reprodução/redes sociais

A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor (Decon) prendeu, nessa terça-feira (30), em Goiânia, uma dentista que está sendo investigada por lesão corporal depois de realizar procedimentos estéticos que afetaram os rostos de pelo menos 13 pacientes. A defesa vê a prisão como "arbitrária e injusta".

Segundo a delegada que apura o caso, Debora Melo, Hellen Kacia Matias da Silva, de 45 anos, era investigada por exercício ilegal da profissão e execução de serviço de alta periculosidade desde setembro do ano passado.

Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão em uma clínica onde trabalha, executado em novembro de 2023, foram encontradas mensagens em um celular que apontavam para o crime de lesão corporal. Diante disso e após ouvir as supostas vítimas, a delegada pediu a prisão preventiva da dentista e a Justiça acatou. O processo tramita em segredo.

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No aparelho celular apreendido, havia, segundo a delegada, provas da deformação dos pacientes e também de que a dentista não dava assistência àqueles que a procuravam. "As mensagens evidenciavam casos ainda mais graves", diz.

Apesar da gravidade das lesões, não havia boletim de ocorrência registrado contra a dentista. Debora Melo acredita que, por se tratar de pessoas muito simples, apesar de não ficarem satisfeitos com os resultados, esses pacientes se sentiram intimidados para procurar a polícia e pedir reparação.

Treze pacientes foram ouvidos até agora e a clínica em que Hellen atuava foi interditada pela Vigilância Sanitária, que encontrou instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos vencidos.

A dentista também foi autuada pelo órgão por infrações administrativas, uma vez que o alvará sanitário do estabelecimento não autorizava a realização de nenhum procedimento invasivo.



De acordo com a delegada, outros pacientes e funcionários da clínica ainda serão ouvidos antes que o inquérito seja concluído Hellen Kacia passará por audiência de custódia nesta quarta-feira.

No inquérito original, aberto em setembro do ano passado, ela e outros três dentistas são investigados por realizarem procedimentos expressamente vedados pelo Conselho Federal de Odontologia (Resolução nº 230/2020).

Segundo a polícia, as cirurgias plásticas eram ofertadas nas redes sociais por valores abaixo do mercado. Hellen também ministrava cursos para outros profissionais da saúde.

A profissional já responde a outros processos éticos que correm em segredo de Justiça, informou a delegada, e já foi condenada pelo Tribunal de Justiça de Goiás, em abril de 2023, a indenizar uma paciente que ficou com o nariz deformado após realizar um procedimento estético com a dentista. A indenização foi de R$ 10 mil.

A defesa de Helle diz que a prisão "foi feita de forma arbitrária e injusta, já que a mesma não descumpriu determinação da Justiça, que a proibia de realizar cirurgias estético faciais após o dia 22 de novembro".

Em nota, as advogadas Caroline Arantes e Thaís Canedo afirmam que a Justiça confundiu o procedimento realizado.

"A profissional - que tem a especialidade buco maxilo facial, realizou, após o dia 22 de novembro, procedimento reparador e não estético, dentro da competência da especialidade da profissional. Ela corrigiu lesão em uma paciente como uma complicação de procedimento (ectrópio) realizado anteriormente por uma outra profissional, o que é permitido pela resolução 65, artigo 41, do Conselho Regional de Odontologia (CRO)", diz o texto.

As alegações serão apresentadas à Justiça, reforça a defesa.

O Conselho Regional de Odontologia de Goiás, também em nota, afirmou "que as medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas pelo CROGO, obedecido o devido sigilo aplicável ao caso" e que tomou conhecimento da prisão da dentista pelos noticiários

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