EUA não recomendará mais vacinação contra hepatite B em recém-nascidos
A decisão do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP) foi adotada por oito votos contra três
Um comitê de especialistas designado pelo secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., um cético em relação às vacinas, decidiu nesta sexta-feira (5) que a vacina contra hepatite B não seja mais recomendada para recém-nascidos.
A decisão do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP) foi adotada por oito votos contra três, indo contra a opinião de muitos médicos.
Agora deverá ser cumprida pelas autoridades federais e encerrará a atual política de prevenção do país após mais de 30 anos em vigor.
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Segundo a nova diretriz, a administração de uma primeira dose da vacina contra hepatite B - de três no total - nos primeiros minutos de vida só será recomendada para indivíduos cuja mãe tenha sido diagnosticada como portadora da doença.
Caso a mãe tenha testado negativo, o comitê recomenda aos pais consultar um médico para determinar "se desejam vacinar o bebê" e quando.
Antes, a recomendação era a vacinação universal logo após o nascimento para prevenir o contágio mãe-filho, caso a mãe tivesse a doença sem saber. A hepatite B foi praticamente erradicada em pessoas jovens nos Estados Unidos por meio dessa prática.
A mudança foi imediatamente denunciada por associações médicas.
"Essa recomendação irresponsável e deliberadamente enganosa provocará mais infecções de hepatite B em bebês e crianças", afirmou Susan J. Kressly, presidente da Academia Americana de Pediatria, em comunicado.
Três membros do painel também se opuseram à medida, apontando a ausência de elementos que justifiquem algum benefício com a alteração.
"Não causar dano é um imperativo moral. Ao modificar a formulação dessa recomendação, estamos causando dano", alertou Cody Meissner antes da votação, uma das poucas vozes de dissenso no comitê, que foi completamente reorganizado por Kennedy.
A hepatite B é uma doença viral do fígado, que pode ser transmitida por via sexual e pelo sangue, expondo as pessoas afetadas a um alto risco de morte por cirrose ou câncer de fígado.
Sob a direção de Kennedy, o ACIP é composto por pessoas frequentemente criticadas pela comunidade científica por sua falta de experiência ou por disseminar teorias que fomentam o negacionismo sobre as vacinas.

