Sáb, 06 de Dezembro

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EUTANÁSIA

França julga 12 ativistas pró-eutanásia em pleno debate político sobre o tema

Os acusados têm entre 74 e 89 anos e integram o grupo "Ultime Liberté" (Última Liberdade), uma divisão radical da Associação pelo Direito de Morrer com Dignidade

Um manifestante segura um cartaz com os dizeres "O fim da minha vida, minha liberdade final" durante uma reunião em apoio a 12 ativistas da morte assistida na abertura do julgamentoUm manifestante segura um cartaz com os dizeres "O fim da minha vida, minha liberdade final" durante uma reunião em apoio a 12 ativistas da morte assistida na abertura do julgamento - Foto: Stephane de Sakutin / AFP

Um tribunal de Paris julga, a partir desta segunda-feira (15), 12 ativistas pró-eutanásia que ajudaram várias pessoas, enfermas ou não, a comprar os barbitúricos necessários para encerrar suas vidas.

O julgamento acontece no momento em que o Senado se prepara para debater em outubro sobre a autorização ou não da eutanásia e a morte assistida em casos limitados, após a aprovação da Assembleia Nacional (Câmara Baixa) em maio.

O julgamento "é uma oportunidade para sensibilizar a opinião pública sobre as problemáticas do final da vida", declarou à AFP o advogado de defesa, Arnaud Lévy-Soussan.

Os acusados têm entre 74 e 89 anos e integram o grupo 'Ultime Liberté' (Última Liberdade), uma divisão radical da Associação pelo Direito de Morrer com Dignidade (ADMD).

Os idosos são acusados de ajudar, entre agosto de 2018 e novembro de 2020, dezenas de pessoas a comprar pela internet pentobarbital, um barbitúrico que provoca uma morte rápida e sem dor.

Eles são acusados por crimes relacionados com a legislação sobre o tráfico de substâncias ilícitas.

O caso foi aberto em 2019 com um relatório das autoridades americanas sobre uma rede mexicana de venda de barbitúricos, que eram enviados para todo o mundo com a etiqueta "Natural Cosmetics" ("Cosméticos Naturais")

O 'Ultime Liberté' vai além das tradicionais reivindicações das associações pró-eutanásia e defende o direito a uma morte"tranquilo", sem a necessidade de uma doença da pessoa que solicita a medida.

"Há muitas leis que impedem a liberdade da morte assistida, de uma morte não violenta, apesar de estar despenalizado", disse à AFP Claude Hurry, presidente da associação.

Para a principal acusada, ter esta "pílula mágica" em casa e não esperar um "pedido médico" permite que as pessoas envelheçam com "uma grande serenidade a respeito do fim".

O pentobarbital está autorizado na França para uso veterinário, como anestésico e de eutanásia. Na Bélgica ou na Suíça, o barbitúrico é usado para mortes assistidas, uma prática legal nos dois países.

O julgamento em Paris deve prosseguir até 9 de outubro.

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