Sáb, 06 de Dezembro

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Saúde

Fumar deixa marcas duradouras nos dentes, aponta novo estudo; entenda

Rupturas dentárias podem prever a idade com que a pessoa fumava e podem permanecer mesmo depois de parar com o vício

Pesquisadores da Universidade de Northumbria descobriram que fumantes apresentam sinais reveladores do tabagismo nos dentes Pesquisadores da Universidade de Northumbria descobriram que fumantes apresentam sinais reveladores do tabagismo nos dentes  - Foto: Freepik

Pesquisadores da Universidade de Northumbria descobriram que fumantes apresentam sinais reveladores do tabagismo nos dentes e que permanecem mesmo após a pessoa parar de fumar. 

Os dentes são compostos por três tecidos duros principais: esmalte, dentina e cemento. O cemento, que recobre a raiz do dente, desenvolve "anéis" característicos que crescem a cada ano à medida que envelhecemos — como os anéis das árvores.

Os pesquisadores, primeiro, queriam tentar prever a idade de um indivíduo em um ambiente forense com esses anéis, como na identificação de vítimas de desastres ou em situações em que o DNA de um indivíduo não consta em um banco de dados.

Após examinar um total de 88 dentes fornecidos por pacientes odontológicos vivos e por vestígios arqueológicos, eles ficaram surpresos ao encontrar sinais de ruptura nos anéis de cemento de alguns dentes, mas não em outros. Eles então perceberam que essas rupturas estavam associadas àqueles que se identificaram como fumantes atuais ou ex-fumantes. 

O estudo revelou evidências de danos causados pelo tabagismo nos dentes de 70% dos ex-fumantes e 33% dos fumantes atuais, em comparação com apenas 3% dos não fumantes. 

Eles também descobriram que o cemento é mais espesso em ex-fumantes. Eles acreditam que isso se deve ao fato de o cemento retornar aos seus níveis normais quando a pessoa para de fumar, o que lhes dá essa característica mais firme e espessa.

“Nossa pesquisa mostra que é possível identificar se alguém era fumante apenas examinando os dentes. Descobrimos que a deposição anual regular de anéis foi interrompida em alguns indivíduos e percebemos que essas interrupções estavam associadas a fumantes atuais ou ex-fumantes, mas eram muito raras em não fumantes”, afirmou Ed Schwalbe, professor associado do Departamento de Ciências Aplicadas da Universidade de Northumbria. 

Quarenta e seis indivíduos que estavam em tratamento odontológico com necessidade de extração dentária consentiram em participar do estudo e forneceram cerca de 70 dentes para a pesquisa, juntamente com seus históricos médicos e de tabagismo. 

Em um dos casos, os pesquisadores estimaram, em um paciente, danos causados pelo tabagismo entre as idades de 22 e 41 anos. Ao verificar as informações fornecidas, descobriram que o doador, que tinha 58 anos no momento da extração dentária, era fumante, e que, de fato, havia começado a fumar aos 28 anos e parou aos 38.  

“As descobertas podem ser especialmente importantes para a ciência forense e estudos históricos no futuro”, acrescentou Schwalbe. 

Alguns dos dentes arqueológicos apresentavam evidências claras de atividade de fumo, exibindo manchas e até mesmo entalhes de cachimbo. 

Notavelmente, a análise do cemento das amostras arqueológicas revelou que os anéis dentro dos dentes de fumantes que morreram nos séculos XVIII e XIX exibiam os mesmos sinais de ruptura que aqueles de doadores vivos que eram fumantes atuais ou ex-fumantes. 

“Isso pode nos ajudar a aprender mais sobre o estilo de vida das pessoas no passado, especialmente em estudos arqueológicos, onde os padrões de uso de tabaco podem revelar insights culturais importantes”, disse ele. 

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