Governo de Portugal cai após primeiro-ministro perder moção de confiança
Esse resultado abre as portas para eleições legislativas, que seriam as terceiras em menos de quatro anos
Envolvido em uma polêmica por um suposto conflito de interesse, o primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, perdeu nesta terça-feira (11) uma moção de confiança no Parlamento, o que provocou a queda do governo e abre caminho para a possibilidade de eleições antecipadas.
Leia também
• Homem é preso por 'homicídio culposo' em colisão no Mar do Norte
• Quatro mortos em ataque aéreo israelense na cidade de Gaza
A moção foi rechaçada pelos votos dos socialistas, o principal partido da oposição, da legenda de extrema direita Chega! e dos deputados da extrema esquerda.
Esse resultado abre as portas para eleições legislativas, que seriam as terceiras em menos de quatro anos, se o presidente Marcelo Rebelo de Sousa decidir dissolver a câmara.
O governo tentou, "até a última hora, evitar a criação de eleições antecipadas no horizonte dos portugueses", declarou Montenegro na saída do Parlamento.
Na segunda-feira, os socialistas anunciaram a apresentação de um pedido formal de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o possível conflito de interesse que colocou o primeiro-ministro no olho do furacão.
Na segunda, Montenegro fez chegar uma série de respostas por escrito às perguntas da oposição. "Não basta para dissipar as suspeitas", lhe respondeu o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos.
Eleições?
Montenegro, de 52 anos e presidente do Partido Social-Democrata (PSD, centro-direita), governava sem maioria absoluta e foi atingido por vários escândalos.
O principal deles tem a ver com uma empresa de prestação de serviços, de propriedade de sua esposa e filhos, que tem contratos com várias empresas privadas. Entre elas está um grupo sujeito a concessões públicas.
Desde que essas revelações vieram à tona, o chefe de governo, que já superou no passado duas moções de censura, anunciou que a empresa familiar ficaria exclusivamente nas mãos dos seus filhos.
Uma eventual dissolução do parlamento provocaria a realização de eleições gerais antecipadas que, caso aconteçam, seriam realizadas em 11 ou 18 de maio, segundo o presidente.
Montenegro afirma que não cometeu nenhuma irregularidade e anunciou que, em caso de antecipação das eleições, será candidato.
O dirigente de centro-direita chegou ao poder em abril de 2024, depois que seu antecessor, o socialista António Costa, apresentou sua renúncia em novembro de 2023, investigado por um suposto caso de tráfico de influência.
Costa sempre negou qualquer irregularidade e foi eleito presidente do Conselho Europeu em junho.
A extrema direita do Chega! tornou-se a terceira força do Parlamento nas eleições legislativas de março do ano passado, quando passou de 12 para 50 cadeiras com 18% dos votos.

