Impostor usou IA para se passar pelo secretário de Estado dos EUA
Segundo o Washington Post, responsável pelo golpe usou aplicativo popular e controverso no governo Trump para deixar mensagens de texto e de voz aos alvos
Um impostor usou inteligência artificial (IA) para se passar pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e chegou a entrar em contato com chanceleres e políticos americanos “com o objetivo de obter acesso a informações ou contas”, afirmou um documento interno da diplomacia americana obtido pelo jornal Washington Post.
De acordo com o documento, o impostor criou uma conta falsa de Rubio no aplicativo de mensagens Signal — a pessoa usou o nome de um e-mail supostamente do secretário de Estado para não criar suspeitas — , e recorreu a um software de IA que copiou a voz e o estilo de escrita dele. O golpe ocorreu, segundo o Departamento de Estado, em meados de junho, mas só foi alertado na semana passada.
Entre os alvos estão três ministros das Relações Exteriores, um governador e um congressista dos EUA, que não tiveram os nomes revelados. Em ao menos dois casos, afirma o Departamento de Estado, foram deixadas mensagens de voz, e em outro a pessoa recebeu um convite para usar o Signal. De acordo com o documento, outros funcionários do departamento também foram “personificados”, mas através de mensagens de e-mail.
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Em resposta ao Washington Post, o Departamento de Estado disse que irá “realizar uma investigação completa e continuar a implementar salvaguardas para evitar que isso aconteça no futuro”. Não se sabe se o impostor, que ainda não foi identificado, conseguiu manter conversas com seus alvos, se passando pelo secretário de Estado.
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Se passar por um funcionário público é crime nos EUA — assim como no Brasil —, o que não impede que a ação de impostores seja recorrente no país, especialmente na esfera federal.
Em abril, um suposto integrante do Departamento de Estado “conduziu uma campanha de phishing visando contas pessoais do Gmail associadas a acadêmicos de centros de estudos, ativistas e dissidentes baseados no Leste Europeu, jornalistas e ex-funcionários”, afirma o documento interno. Phishing é uma modalidade de ciberataque que usa e-mails, mensagens de texto ou sites fraudulentos para roubar informações de suas vítimas, e a ação foi relacionada a “agentes russos”.
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No mês seguinte, o FBI, a polícia federal americana, alertou para impostores que estavam se passando por membros do governo para entrar em contato com líderes estrangeiros, usando para mensagens de voz e texto geradas por IA, uma ação similar à que envolveu Marco Rubio. Em um caso, revelou a rede CNN, os golpistas tentaram se passar pela chefe de Gabinete de Trump, Susie Wiles.
“Se você receber uma mensagem que alega ser de um alto funcionário dos EUA”, alertou o FBI na época, “não presuma que ela seja autêntica”.
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Mas chama a atenção que, no caso do golpe com Marco Rubio, a ação tenha se desenrolado no aplicativo Signal, popular na Casa Branca, mas envolvido em uma controvérsia que custou um alto cargo no governo.
Em março, o jornalista Jeffrey Goldberg, editor-chefe da revista The Atlantic, revelou ter sido indevidamente incluído em um grupo do Signal pelo ex-conselheiro de Segurança Nacional do presidente Donald Trump, Mike Waltz, que discutiu ataques militares à milícia houthi no Iêmen. Além dos dois, o grupo incluía Rubio, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o vice-presidente dos EUA, JD Vance, dentre outros membros do alto escalão. Segundo Goldberg, dados militares sigilosos foram compartilhados sem o devido cuidado, especialmente em um aplicativo que, embora tenha recursos adicionais de segurança, é público. Em maio, Waltz foi demitido do cargo e nomeado embaixador americano nos EUA.

