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CASO JULIANA MARINS

Juliana Marins: saiba como legistas brasileiros avaliam o caso

Demora para o resgate dificultou estimar tempo que brasileira levou para morrer

Juliana Marins - médico legista Ida Bagus Putu Alit disse que Juliana morreu de politraumatismo, com hemorragia interna, em até 20 minutosJuliana Marins - médico legista Ida Bagus Putu Alit disse que Juliana morreu de politraumatismo, com hemorragia interna, em até 20 minutos - Foto: @resgatejulianamarins/Instagram/reprodução

A demora de mais de 96 horas para que o corpo da turista brasileira Juliana Marins, de 26 anos, fosse resgatado da encosta íngreme de um vulcão no Monte Rinjani, na Indonésia, é um fator que dificulta em muito saber se a publicitária, moradora de Niterói poderia ser salva, caso o socorro tivesse chegado mais cedo.

A avaliação é do presidente da Associação Nacional de Peritos Criminais Federais, Marcos De Almeida Camargo. Ele observa que, após o óbito, o cadáver permanece rígido por apenas três dias.

Juliana se acidentou por volta das 19 horas de sexta-feira (horário de Brasília). E o corpo só foi entregue para autópsia na quinta-feira à tarde (inicio da manhã pelo fuso brasileiro) no Hospital Bali Mandara, quase uma semana depois.

Corpo de Juliana Marins chega ao Hospital Bali Mandara para autópsia Corpo de Juliana Marins chega ao Hospital Bali Mandara para autópsia. | Foto: AFP

— O ideal era que o perito tivesse ido ao local da queda para conhecer a área. E a partir daí tirar suas conclusões sobre o que causou a morte da Juliana, mas se sabe que a área é de difícil acesso. Como não foi possível, restou a análise do cadáver — disse Marcos.

Em entrevista coletiva na Indonésia, o médico legista Ida Bagus Putu Alit disse que Juliana morreu de politraumatismo, com hemorragia interna, em até 20 minutos.

Mas como a turista despencou três vezes não seria possível afirmar qual dessas quedas foi a principal para o desfecho do caso.

— A causa direta da morte foi o impacto e a quantidade de sangue acumulado dentro da cavidade torácica — explicou Alit.

Com a ressalva que não teve acesso aos laudos, Marcos Camargo, também diretor da Associação Nacional de Peritos, diz que o tempo estimado é factível, mas ele observa que a tonalidade das equimoses na pele em decorrência das lesões internas que Juliana sofreu poderia ajudar a avaliar se ela de fato morreu logo após ter sofrido múltiplas fraturas no tórax e hemorragia interna ou se passou dias em agonia, aguardando pelo socorro.

— Os hematomas que forem identificados no corpo devem corresponder as fraturas. Se forem de um tom mais para o preto, comuns quando alguém se machuca, indica que a morte ocorreu de forma mais rápida. Não houve tempo do organismo se recuperar. Se a tonalidade for mais clara, indica que a Juliana resistiu mais tempo — disse Camargo.

Primeira Queda
No Rio, o perito Nelson Massini avaliou que, muito provavelmente, Juliana sobreviveu à primeira queda. Ele chegou a essa conclusão após ampliar imagens feitas por drone por outros turistas, nas quais a publicitária parece se movimentar.

— É possível identificar que ela tinha um sangramento na cabeça, mas que não seria fatal. E visualmente, naquele momento não identifiquei qualquer fratura que sugerisse risco de hemorragia interna — disse Nelson Massini.

Hipotermia descartada
Na Indonésia, os peritos encontraram de fato ferimentos na cabeça. Mas a hemorragia não era tão extensa.

Eles também afastaram, com base na análise dos tecidos corporais, que ela tenha morrido por hipotermia devido à exposição ao frio. Ao cair, Juliana vestia apenas calça jeans, camiseta, luvas e tênis.

— Não havia os sinais clássicos de hipotermia, como necrose nas extremidades ou coloração escura nos dedos. Isso nos permite afirmar com segurança que a hipotermia não foi a causa — detalhou o perito indonésio.

Massini, por sua vez, ressalva:

— A causa pode ter sido as fraturas e a hemorragia. Mas o fato da Juliana ter passado horas sem roupas adequadas e sem se alimentar minaram sua resistência física, contribuindo para a morte.

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