Justiça argentina autoriza Lula a visitar Cristina Kirchner
Ex-presidente argentina cumpre prisão domiciliar em Buenos Aires
A Justiça argentina autorizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a visitar Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina que atualmente cumpre prisão domiciliar, no apartamento da ex-mandatária em Buenos Aires.
Lula chegará a Buenos Aires esta tarde e retornará para casa na tarde de quinta-feira, após participar de uma cúpula do Mercosul, onde assumirá a presidência interina da organização, mas não haverá encontro bilateral com o presidente Javier Milei.
A dúvida, até esta quarta, era se Lula teria a autorização judicial. Sem ela, o encontro com Cristina seria impossível.
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Nas últimas semanas, houve um intenso debate dentro do governo brasileiro sobre a conveniência de que o encontro aconteça.
O Itamaraty liderou o lobby contra a visita, argumentando, segundo fontes, “que um encontro entre Lula e Cristina poderia trazer complicações na relação com a Casa Rosada, e, também, no cenário interno brasileiro”. “Para que isso agora?”, perguntou uma fonte diplomática.
Mas a ala política, no Palácio do Planalto e no Partido dos Trabalhadores (PT), sempre defendeu a visita — em sintonia com o que queria Lula. Era feita apenas a ressalva de que ela deveria ocorrer “num âmbito de segurança para a ex-presidente, com autorização judicial. Ninguém quer prejudicar a situação judicial de Cristina”.
Havendo autorização, a ala política assegurava que “é quase certa a visita de Lula, por solidariedade, sem entrar no mérito do processo judicial”. As fontes que defendem a visita argumentam, ainda, “que Milei já aprontou tantas, que não poderia reclamar da visita de Lula a Cristina. Inclusive se ausentou de uma cúpula do Mercosul para reunir-se com Bolsonaro”.
O pedido de autorização judicial foi feito pelos advogados da defesa da ex-presidente, na última terça. Na resolução dos tribunais portenhos, afirma-se que “Cristina Kirchner é autorizada a receber em seu domicílio, onde cumpre prisão domiciliar, a visita do presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 3 de julho. Informar-se que deverá haver um estrito cumprimento da regra de conduta que fora imposta no ponto III.B da decisão de 17 de junho passado, o dever de “abster-se de adotar comportamentos que possam perturbar a tranquilidade da vizinhança e/ou alterar a convivência pacífica de seus habitantes”.
Lula poderia visitar a ex-presidente antes da cúpula, que começa 10h de quinta, ou após o encontro presidencial que, ao contrário de outras ocasiões, não terá almoço. De Buenos Aires, o presidente irá para o Rio, onde participará da cúpula do Brics.
Cristina contesta na justiça as normas impostas para sua prisão domiciliar, bem como da obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica para monitorá-la e impedi-la de sair de casa. Os promotores envolvidos na condenação da ex-presidente, Diego Luciani e Sergio Mola, recorreram da ordem de prisão domiciliar ao Tribunal de Cassação e solicitaram a prisão em uma instalação do sistema penal. Tudo será resolvido após uma audiência a ser realizada em 7 de julho. Nesse aspecto, o governo brasileiro, disseram fontes, “será extremamente cuidado, para não criar qualquer problema para a ex-presidente”.

