Sáb, 06 de Dezembro

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TRAGÉDIA NA ÍNDIA

Mayday: entenda o termo feito por tripulação do Air India antes de queda que deixou quase 300 mortos

Comunicação entre a aeronave e a torre de controle foi interrompida antes de cair e explodir

Parte traseira de um avião da Air India após cair em uma área residencial perto do aeroporto em AhmedabadParte traseira de um avião da Air India após cair em uma área residencial perto do aeroporto em Ahmedabad - Foto: AFP

A tripulação do voo AI171 da Air India emitiu um chamado de emergência ("MAYDAY") à torre de controle aéreo (ATC) imediatamente após a decolagem, nesta quinta-feira. De acordo com a Direção Geral de Aviação Civil da Índia (DGCA), a comunicação entre a aeronave e a torre de controle foi interrompida antes de cair e explodir. O desastre, que deixou pelo menos 290 mortos, está sendo investigado por autoridades locais e internacionais.

O silêncio abrupto da tripulação após o alerta reforça o caráter crítico da situação enfrentada a bordo nos primeiros instantes de voo. A palavra mais temida na aviação, "Mayday", é usada quando há uma emergência grave e iminente, que coloca em risco a vida dos passageiros e tripulantes. Incêndios a bordo, falhas catastróficas de motor ou despressurização são exemplos de situações que exigem essa chamada. Quando um piloto transmite "Mayday, Mayday, Mayday", o controle de tráfego aéreo prioriza imediatamente a aeronave e mobiliza equipes de resgate, se necessário.

 

De acordo com informações oficiais, entre os ocupantes havia 169 cidadãos indianos, 53 britânicos, um canadense e sete portugueses. O Boeing 787–8 Dreamliner seguia para o aeroporto de Gatwick, em Londres, com 242 pessoas a bordo, incluindo 12 tripulantes. Após a decolagem, o piloto emitiu um pedido de socorro ao controle de tráfego aéreo. Menos de um minuto depois, o sinal foi perdido. A aeronave atingiu o alojamento de estudantes da Faculdade de Medicina B.J., onde dezenas de alunos estavam no refeitório, aumentando ainda mais o número de vítimas.

O avião da Air India caiu logo após decolar do Aeroporto Internacional Sardar Vallabhbhai Patel, em Ahmedabad, no estado de Gujarat, no oeste da Índia. O voo AI171, operado por um Boeing 787-8 Dreamliner, pareceu apresentar perda de altitude pouco depois de sair da pista, o que resultou em sua queda nas proximidades do terminal. As autoridades ainda não confirmaram o número total de vítimas, mas equipes de resgate estão mobilizadas e atuando na área do acidente.

Segundo os dados iniciais de rastreamento por ADS-B (Automatic Dependent Surveillance–Broadcast), o voo AI171 atingiu uma altitude barométrica máxima de aproximadamente 190 metros — pouco acima da elevação do próprio aeroporto, que é de cerca de 61 metros — antes de começar uma descida abrupta com velocidade vertical de aproximadamente 145 metros por minuto.

O Ministério da Aviação Civil da Índia informou que está monitorando a situação de forma próxima. O ministro da Aviação, Ram Mohan Naidu, divulgou um comunicado logo após o acidente:

"Estou chocado e devastado ao saber da queda do voo em Ahmedabad. Estamos em alerta máximo. Estou acompanhando pessoalmente a situação e ordenei que todas as agências de aviação e de resposta a emergências atuem com rapidez e de forma coordenada. As equipes de resgate foram mobilizadas, e todos os esforços estão sendo feitos para garantir o envio imediato de atendimento médico e apoio emergencial ao local. Meus pensamentos e orações estão com todos os que estavam a bordo e suas famílias."

Avião moderno e confiável
O modelo envolvido no acidente é o Boeing 787-8 Dreamliner, uma das aeronaves mais modernas da frota da Air India. Com capacidade para até 250 passageiros em configuração de duas classes, o 787-8 é conhecido por sua eficiência energética, conforto aprimorado e alcance intercontinental. Ele entrou em operação comercial em 2011 e faz parte de uma família de jatos que inclui também os modelos 787-9 e 787-10.

Entre seus diferenciais, o Dreamliner conta com janelas maiores com escurecimento eletrônico, sistema de pressurização mais confortável para os passageiros, menor consumo de combustível e fuselagem construída em materiais compostos, como fibra de carbono. A Air India opera atualmente uma frota significativa de Dreamliners, principalmente em suas rotas internacionais de longa distância.

Apesar da boa reputação do 787 em termos de segurança e tecnologia, esta não é a primeira vez que o modelo se vê envolvido em incidentes. Contudo, a maioria dos casos anteriores esteve relacionada a questões técnicas ou operacionais pontuais — nunca tendo sido observada falha sistêmica de projeto grave até hoje.

Investigações em curso
Equipes do Escritório de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia (AAIB) já foram enviadas para o local do acidente e iniciarão a análise dos destroços e das caixas-pretas nas próximas horas. A Boeing também deverá participar das investigações, conforme os protocolos internacionais, especialmente por se tratar de uma aeronave fabricada nos Estados Unidos.

Enquanto isso, familiares dos passageiros se concentram em áreas de apoio montadas no aeroporto de Ahmedabad, aguardando ansiosamente por informações. O governo indiano declarou que todos os esforços estão sendo feitos para garantir suporte psicológico e logístico às vítimas e familiares.

Esta reportagem será atualizada conforme mais informações forem confirmadas pelas autoridades locais e pela Air India.

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