Medicamento da família do Ozempic reduz a frequência da enxaqueca em estudo
Os pacientes relataram uma média de 11 dias a menos de dor de cabeça por mês
O uso de um medicamento para diabetes, com a liraglutida como princípio ativo, conseguiu reduzir a frequência de enxaqueca em mais da metade, de acordo com um novo estudo apresentado no Congresso da Academia Europeia de Neurologia (EAN) 2025.
A liraglutida, que está presentes nos medicamentos Saxenda e Victoza, é da mesma classe (ou família) da semaglutida, princípio ativo presente na caneta injetável Ozempic. Ambos os princípios ativos são agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (chamados de GLP-1).
O trabalho analisou 26 adultos com obesidade e enxaqueca crônica (definida como cerca de 15 dias de dor de cabeça por mês) por 12 semanas.
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Os pacientes relataram uma média de 11 dias a menos de dor de cabeça por mês, enquanto as pontuações de incapacidade no Teste de Avaliação de Incapacidade para Enxaqueca caíram 35 pontos, indicando uma melhora clinicamente significativa no trabalho, nos estudos e no funcionamento social.
“A maioria dos pacientes sentiu-se melhor nas primeiras duas semanas e relatou uma melhora significativa na qualidade de vida. O benefício perdurou por todo o período de observação de três meses, embora a perda de peso tenha sido modesta e estatisticamente não significativa”, afirma a pesquisadora principal, Simone Braca.
Segundo os pesquisadores, os efeitos colaterais detectados foram gastrointestinais. Houve relatos de náuseas e constipação em 38% dos participantes, mas não levaram à descontinuação do tratamento.
“Acreditamos que, ao modular a pressão do líquido cefalorraquidiano e reduzir a compressão dos seios venosos intracranianos, esses medicamentos produzem uma diminuição na liberação do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), um peptídeo-chave na promoção da enxaqueca. Isso colocaria o controle da pressão intracraniana como uma via totalmente nova e farmacologicamente viável”, explica Braca.
Ozempic e similares são vendidos com retenção de receita
A partir desta segunda-feira (23), a compra de medicamentos análogos de GLP-1 passa a exigir a retenção de receita pela farmácia. A nova instrução normativa foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em abril.
Nela, consta que a prescrição médica deverá ser realizada em duas vias para que uma delas fique retida na farmácia no momento da compra, assim como é feito com os antibióticos. As drogarias, por sua vez, deverão registrar a compra e venda dos medicamentos no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).

