Ministros do STF veem governador do Rio 'perdido' após operação policial matar 64 pessoas
Magistrados criticaram atuação de governador após menção a ação que tramita na Corte
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) criticaram duramente o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), após a megaoperação policial realizada nesta terça-feira nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em 64 mortes — incluindo quatro policiais — e foi considerada a mais letal da história do estado.
Em avaliação reservada, integrantes da Corte afirmaram que Castro está "perdido" na condução da política de segurança pública e que tenta transferir responsabilidades ao Judiciário, especialmente ao STF, por falhas na execução da operação.
Durante coletiva de imprensa, o governador classificou a ADPF 635 — conhecida como ADPF das Favelas — de "maldita" e atribuiu à ação as dificuldades enfrentadas pelas forças de segurança, como o acesso bloqueado por barricadas e o uso de drones com explosivos por criminosos.
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"Ainda são o que nós chamamos de filhotes dessa ADPF maldita. Infelizmente um partido político ingressou (com a ação) e prejudicou demais o Rio de Janeiro", disse o governador, em referência ao PSB, que ajuizou a ADPF 635 em 2020, que determinou restrições de operações em favelas do Rio durante a pandemia.
Ao criticar as restrições impostas pela Corte à atuação policial, o governador disse que criminosos podem "usar um drone com bomba", mas que os policiais não podem "atirar da plataforma".
"Não pode o policial bem treinado atirar da plataforma, mas pode o criminoso usar um drone com bomba. São essas idiossincrasias que a gente vê e, que, infelizmente, a tentativa de politização da segurança pública arrebenta sempre no lado do policial que está lá arriscando a sua vida".
A operação, batizada de "Contenção", mobilizou 2.500 agentes e teve como alvo lideranças do Comando Vermelho, incluindo criminosos de outros estados refugiados em comunidades fluminenses.
Após a operação, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) cobrou explicações formais do governo estadual sobre o cumprimento das diretrizes estabelecidas pelo STF na ADPF 635, como o uso de câmeras corporais, presença de ambulâncias e respeito aos horários escolares.

