Seg, 29 de Dezembro

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Monumento chinês é derrubado no Canal do Panamá, em meio às ameaças de Trump

Donald Trump já ameaçou retomar o controle do canal, porque ele estaria sob o comando de Pequim

Monumento chinês no Panamá foi demolido após pressão dos Estados UnidosMonumento chinês no Panamá foi demolido após pressão dos Estados Unidos - Foto: Daniel de Carteret/AFP

Um monumento instalado na entrada do Canal do Panamá foi derrubado na noite de sábado (27) por ordem de uma autoridade local, em meio às pressões dos Estados Unidos para reduzir a presença do gigante asiático na via interoceânica.

Nos últimos meses, o presidente americano, Donald Trump, ameaçou retomar o controle do canal, pois garantiu que está sob o controle de Pequim porque a empresa Hutchison Holdings, de Hong Kong, opera sob concessão de dois portos no Pacífico e no Atlântico.

Em uma ação surpreendente e rechaçada pelos governos do Panamá e da China, a Prefeitura da cidade de Arraiján tentou a demolição com maquinário pesado de um Paifang ou portal, construído em um mirante da Ponte das Américas, que passa sobre a via.
 

A Prefeitura alegou, em nota, que a obra, construída em 2004 e que simbolizava a amizade entre os dois países, tinha danos estruturais que representavam um "risco".

Mas o próprio presidente panamenho, José Raúl Mulino, disse, neste domingo (28), que "não há nenhuma justificativa para a barbaridade cometida" e reforçou que é um "ato de irracionalidade imperdoável".

Após constatar pessoalmente a demolição, o embaixador chinês no Panamá, Xu Xueyuan, expressou que este é um "dia sombrio" para os 300.000 sino-panamenhos e de "grande dor para a amizade" binacional, do qual "a história vai lembrar".

A indignação, por parte de ex-presidentes e líderes políticos panameiros, levou o governo de Mulino a ordenar a "restauração imediata do monumento no mesmo local", de forma cooperativa com a comunidade chinesa no Panamá.

O presidente também solicitou uma investigação imediata sobre a derrubada do monumento, que incluía duas esculturas de leões e um obelisco, este último ainda de pé.

Os Estados Unidos e a China são os principais usuários do canal, de 80 km, por onde transitam 5% do comércio marítimo mundial.

A via esteve sob o controle americano entre 1914 e 1999, quando passou para mãos panamenhas.

Em meio às ameaças para retomar sua administração, Trump exige do Panamá condições preferenciais para seu uso por parte de embarcações americanas.

Com esta pressão, a Hutchison Holdings aceitou vender os dois terminais que administra para um conglomerado liderado pela americana BlackRock, mas a China vê com desconfiança a operação e agora empresas do pais estão interessadas em adquirir duas novas obras portuárias que serão licitadas.

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