Morre o antropólogo Roberto Kant de Lima, aos 80 anos
Professor da UFF, em Niterói, o docente é uma referência nacional e internacional na Antropologia e nome de destaque em Segurança Pública
O professor e antropólogo Roberto Kant de Lima morreu na madrugada desta terça-feira (20), aos 80 anos. Ele estava internado no Hospital Icaraí, em Niterói, cidade onde morava. Kant estava internado em tratamento contra um câncer.
O extenso currículo multidisciplinar começou na década de 1960, com a conclusão da graduação em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1968, em que teve o antropólogo Roberto DaMatta como orientador. Dez anos depois, tornou-se mestre em Antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — Museu Nacional (MN).
Em tal ciência se tornou uma referência nacional e internacional, e foi fundamental em seus estudos sobre Segurança Pública no Brasil, uma das marcas de seu trabalho.
A especialização continuou nos Estados Unidos, com doutorado em Antropologia pela Harvard University, em 1986, e pós-doutorado na University of Alabama at Birmingham, em 1990.
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Como professor ministrou disciplinas nos cursos de Direito, Antropologia, Segurança Pública, Ciências Sociais e História, passando por instituições como Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Veiga de Almeida (UVA) e Universidade Gama Filho.
Ainda atuou como professor visitante na Universidade de Buenos Aires, na Argentina, e na University of Ottawa, em Ontário, Canadá.
Em nota de pesar publicada nesta manhã, o Observatório das Metrópoles, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) sediado na UFRJ, destaca que Kant "deixou um legado fundamental para as Ciências Sociais, especialmente por seu trabalho pioneiro no deslocamento do debate sobre violência para a perspectiva da conflitualidade social". O antropólogo fez importantes contribuições acadêmicas também junto ao observatório.
Entre seus títulos, Kant foi nomeado, em 2008, Comendador — Ciências Sociais, na Ordem Nacional do Mérito Científico (ONMC) do Governo do Brasil. Em 2019, tomou posse como membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Na UFF, instituição onde se aposentou como professor titular, foi coordenador do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC/PROPPI/UFF). Também esteve na coordenação do INCT-InEAC (Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos).
Na longa produção acadêmica — com temas como administração de conflitos, antropologia política e método comparativo —, publicou livros, sendo um dos de destaque "Casos de repercussão: perspectivas antropológicas sobre rotinas burocráticas e moralidades", lançado em 2017, ao lado da professora Lucía Eilbaum e da pesquisadora Flavia Medeiros, ambas também antropólogas.

