Morre Papa Francisco: autoridades religiosas lamentam perda do líder católico
Pontífice morreu na madrugada desta segunda-feira (21)
A morte do Papa Francisco repercutiu no mundo inteiro, e as autoridades religiosas pernambucanas se pronunciaram, após a partida do líder que dirigiu a igreja católica nos últimos 12 anos. A perda dele significa a chegada de um novo momento na instituição.
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Para muitos, o papado do pontífice representou características marcantes. Ele lutou em favor dos mais vulneráveis, buscou igualdades, foi de contra os casos de abusos sexuais dentro e fora da igreja, a crise do banco do Vaticano e foi conhecido pelo bom humor e humildade.
O Frei Damião Silva, líder da Igreja da Madre de Deus, no Bairro do Recife, afirmou que “com o coração entristecido, a Igreja no mundo inteiro se despede hoje do Papa Francisco, pastor humilde, homem de fé firme e coração generoso. Sua partida nos deixa saudade, mas também um legado luminoso de esperança, simplicidade e amor pelos pobres.”
“Foi ele quem nos ensinou que a verdadeira grandeza está em servir, que o caminho da Igreja é cuidar dos últimos, que a misericórdia deve sempre vir antes do julgamento. Suas palavras, gestos e silêncios falaram alto ao mundo: um cristianismo encarnado, próximo, acolhedor, despojado e profundamente humano. Francisco fez do seu pontificado um apelo à paz, à fraternidade universal, ao cuidado com a criação e ao resgate da dignidade dos esquecidos. Com sua voz doce e firme, foi um profeta da ternura, semeando o Evangelho nos becos, nas favelas, nos corredores do poder e nas fronteiras da dor”, disse ele.
Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, o Padre Pedro Rubens se encontrou com o Papa no dia 9 de novembro de 2024. Por meio de nota, ele explicou que Jorge Mario Bergoglio foi o primeiro jesuíta a assumir o pontificado e o pioneiro a escolher o nome de Francisco, em homenagem ao santo da pobreza e da simplicidade.
“O Papa Francisco se destacou, não apenas por suas palavras, mas também por sua firme adesão ao espírito de reforma e renovação promovido pelo Concílio Vaticano II. Sua coragem em abordar questões contemporâneas e seus gestos de compaixão, como a visita a Lampedusa para acolher migrantes e seu compromisso com os excluídos, foram verdadeiros exemplos de liderança cristã. Ele iniciou um processo de transformação na Igreja, promovendo sínodos, como o da Amazônia, e publicou documentos que ressoam profundamente em nossa sociedade atual, como ‘A Alegria do Evangelho’, que reafirma a centralidade do Evangelho; ‘Laudato Si’ e ‘Laudato Deum’, que abordam com urgência a questão da ecologia integral”, relatou.
O Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição do Morro, na pessoa do reitor, Padre Emerson Borges, destacou, nas redes sociais, que Francisco foi um papa que gostava de futebol, de crianças, de animais.
“Papa Francisco foi entrega e amor ao lado dos mais frágeis e esquecidos. Francisco foi compaixão, humildade e coragem espiritual. Líder que pediu o respeito aos homossexuais, o combate ao abuso de crianças dentro da Igreja e a corrupção no Vaticano. O cuidado com a casa comum, ‘Laudato Si’, a amizade social e a fraternidade tão defendida por Francisco, ‘Fratelli Tutti.’ Criou 21 novos cardeais, mais de 900 canonizados, entre beatos e mártires, e beatificou cerca de 1.500 servos de Deus em 12 anos de pontificado. Em 2024, bateu a Porta Santa da Basílica de São Pedro marcando o Jubileu 2025, o Ano Santo da Igreja. Papa Francisco deixa o legado na história, o sucessor de Pedro, como aquele que defendeu o perdão, a esperança e renovação da fé católica”, frisou.
Dirigida pelo Frei Cidmário Bezerra, a Basílica do Carmo, no Centro do Recife, relembrou as palavras do Papa Francisco, de que “a morte não é o fim, mas o abraço amoroso de Deus que nos acolhe com esperança e paz.”
“Francisco será eternamente lembrado como o Papa da Paz — aquele que, com humildade, promoveu o diálogo entre os povos, construiu pontes onde havia muros e guiou a Igreja com compaixão e sabedoria”, divulgou.
Bispo auxiliar de Olinda e Recife, Dom Nereudo Freire Henrique fala do sentimento da ausência do papa, mas também ressalta o sentimento de gratidão a Deus pelo testemunho do líder. Agora, ele fala da responsabilidade que a igreja tem de dar continuidade aos ensinamentos de Francisco.
"Um homem que viveu a fidelidade a Deus, que trouxe para a igreja novos e atuais desafios. Uma igreja próxima aos pobres e fiel ao evangelho. Creio que o testemunho do Papa Francisco serve a nós todos de exemplo e ficamos com a certeza de que ele descansa e participa da glória de Deus, e quem sabe poderemos continuar realizando o sonho de um mundo fraterno, de justiça e de paz", deseja.
"E assim vamos renovando os nossos bons propósitos de seguir a Jesus, caminhando como discípulos e discípulas, ao mesmo tempo guardando o bom exemplo do Papa Francisco. Que Deus aumente a nossa fé e a nossa esperança", acrescenta.
Leitura do discurso anunciando a morte do papa
O anúncio da morte do primeiro papa latino-americano aconteceu às 2h35 (horário de Brasília), desta segunda-feira (21), quando o cardeal Farrell, da Casa Santa Marta, pronunciou o seguinte discurso:
“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 [horário de Roma] desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”

