Indignação no Nepal por atraso nos socorros após inundações que deixaram 255 mortos
Bairros inteiros na capital Katmandu ficaram inundados durante o fim de semana
Alguns dos sobreviventes das inundações monçônicas que atingiram o Nepal no fim de semana criticaram, nesta terça-feira (1), o governo pelos esforços de socorro insuficientes durante uma catástrofe que deixou pelo menos 225 mortos.
As inundações e deslizamentos mortais são comuns no sul da Ásia durante a temporada de monções, de junho a setembro, mas os especialistas afirmam que a mudança climática as está piorando.
Bairros inteiros na capital Katmandu ficaram inundados durante o fim de semana, assim como alguns povoados em áreas remotas do Himalaya que seguem esperando ajuda.
"Não há estrada, então ninguém veio", explicou à AFP Mira KC, moradora de um povoado do distrito de Kavre, ao leste de Katmandu.
Mesmo que venham, aqueles que morreram já estão mortos, e o dano está feito. Tudo o que farão será expressar suas condolências", acrescentou.
As inundações afetaram especialmente algumas das regiões mais pobres de Katmandu, às margens do rio Bagmati e seus afluentes, que cruzam a cidade.
Man Kumar Rana Magar, moradora de um bairro que margeia o rio, indicou que as autoridades lhe deram abrigo em uma escola, mas que a obrigaram a ir embora antes que estivesse pronto para voltar para sua casa.
"Estamos tão perto da sede do governo. Se não conseguem cuidar dos pobres tão perto, o que farão pelos outros?, disse esse homem de 49 anos.
Pelo menos 225 pessoas morreram nas inundações e outras 24 seguem desaparecidas, segundo a polícia. Outras 4.000 pessoas foram resgatadas.
O escritório meteorológico nepalês declarou que, segundo dados preliminares, caíram 240 milímetros de chuva nas 24 horas antes da manhã de sábado, as maiores precipitações em um só dia em mais de duas décadas.
Alguns especialistas afirmaram que as autoridades não se prepararam de maneira adequada para o desastre, apesar dos prognósticos de tempestades intensas.
"Ignoraram precauções que deveriam ter sido tomadas", indicou Arun Bhakta Shrestha, especialista climático do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas, com sede em Katmandu.