Sex, 26 de Dezembro

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OPINIÃO

"O grande ditador"

“O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”.

“...Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá”.

-Sir Charles Spencer Chaplin, em trecho do discurso proferido em 1940 do filme de sua autoria “O grande ditador”.

O genial Chaplin, comediante, conhecido como “Carlitos”, foi ator, diretor, compositor, roteirista, cineasta, editor e musico britânico, o mais famoso artista do cinema mudo.

Decorridos mais de oitenta anos, o discurso do “palhaço” Chaplin, reveste-se de uma atualidade impressionante, merecendo com sua sátira ao tirano psicopata Adolf Hitler, uma recomendável e inadiável reflexão pelos ditadores de hoje, e seus fanáticos seguidores, pelo grotesco e abominável comportamento nesse alvorecer do século XXI.

O mundo assiste mais uma vez a evidência de que a história se repete, e se repetirá sempre, em seus aspectos mais repulsivos e degradantes, enquanto os homens priorizarem o egocentrismo que emana do inebriante poder, em detrimento das sociedades que a eles se subordinam, ora pela ingênua sedução, ora pela força das armas, principal instrumento dos medíocres, que limitados nas palavras, preferem abrir a boca para morder ao invés de falar.

Aguardamos ansiosos para ver se o dramático episódio de última geração, que estamos assistindo no Leste Europeu, terá o mesmo previsível desfecho, que redesenhou o cenário global, quando do final da segunda guerra mundial.

Esperamos que dentro e fora de casa, a tragédia que mais uma vez a humanidade está vivenciando, pelo menos nos contemple com novos personagens, líderes do bem, dotados de equilíbrio, sentimento humanitário de empatia, respeito, liberdade e compaixão, lembrando que “palhaço” desperta o riso, a alegria, sentimentos do bem, diferentemente da “palhaçada”, humor negro, ferramenta dos personagens do mal.

Esse País que pratica interna e externamente a “litigância pérfida”, nos desnudando sem o menor resquício de pudor, a um mundo perplexo, que esperava de nós outra atitude, a altura do que representamos na geopolítica global, não é o nosso Brasil, pacífico, ordeiro, solidário, para usar a palavra “solidariedade” no lugar certo, solidariedade que dignifica, quando homenageia a paz e não a guerra.

Por tudo isso, tomo a liberdade, como cidadão indignado, de fazer deste micro espaço a minha ousada e indiscreta manifestação de repudio à insanidade, onde quer que se manifeste, aqui ou lá fora, preservando a esperança que depois da arrasadora tempestade venha a bonança.
 

* Consultor de empresa ([email protected])

 

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