50 anos de diplomacia: Brasil e China no G20
Neste ano de 2024, o Brasil e a China comemoram meio século de relações diplomáticas, uma parceria que se consolidou como uma das mais fundamentais na história de ambos os países. Desde a primeira aproximação oficial, em 1974, o relacionamento entre essas duas nações evoluiu de forma notável, abarcando diversas áreas como economia, ciência, tecnologia, cultura e política.
Essa relação, que já era estratégica, torna-se ainda mais relevante com a visita iminente do presidente Xi Jinping ao Brasil, no contexto da Cúpula de Líderes do G20 ocorrerá nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, na cidade do Rio de Janeiro, contando com a participação dos 19 países membros, juntamente com a União Africana e a União Europeia.
A ascensão da China como potência global mudou o cenário econômico mundial, e o Brasil tem sido um dos principais parceiros comerciais dessa nova ordem. O comércio bilateral entre os dois países atingiu números recordes nos últimos anos, com o Brasil exportando principalmente commodities como soja, minério de ferro e petróleo, enquanto importa produtos industrializados e tecnologia de ponta. A visita de Xi Jinping deve reforçar esses laços comerciais e, possivelmente, abrir novas frentes de cooperação em áreas como inovação e sustentabilidade.
A realização da cúpula do G20, que reúne as maiores economias do mundo, será o palco onde essa parceria de cinco décadas será celebrada na prática. O encontro não apenas reafirma o papel central que ambos os países desempenham no cenário global, mas também simboliza o compromisso mútuo de continuar fortalecendo essa aliança. A presença de Xi Jinping no Brasil para o evento reforça a importância que a China atribui ao Brasil como um aliado chave na América Latina e como um interlocutor no diálogo intercontinental com os países vizinhos do Sul.
O G20, que já se consolidou como uma plataforma primordial para o debate de questões globais, oferece uma oportunidade única para que Brasil e China explorem novas formas de cooperação, especialmente em temas como mudanças climáticas, segurança alimentar e transição energética. A expectativa é que ambos os países utilizem o fórum para alinhar suas agendas e buscar soluções conjuntas para desafios comuns, demonstrando ao mundo a força de uma parceria que transcende interesses comerciais.
A visita de Xi Jinping também traz à tona a questão do papel do Brasil no novo cenário geopolítico global. Com a China expandindo sua influência por meio de iniciativas como a Nova Rota da Seda, o Brasil tem a oportunidade de se posicionar como um parceiro determinante nesta nova ordem multipolar. A relação sino-brasileira, baseada no respeito mútuo e em interesses convergentes, pode servir como um modelo para outras nações em desenvolvimento que buscam fortalecer seus laços com potências emergentes.
Além dos aspectos econômicos e geopolíticos, a relação Brasil-China também se destaca pelo intercâmbio cultural e científico. Nos últimos anos, o número de estudantes brasileiros na China aumentou exponencialmente, e parcerias em áreas como pesquisa científica e inovação tecnológica têm se multiplicado. A celebração dos 50 anos de relações diplomáticas pode ser um momento propício para intensificar esses intercâmbios e promover um entendimento mais profundo entre as sociedades dos dois países.
O impacto dessas cinco décadas de parceria é evidente não apenas nos números do comércio bilateral, mas também na influência que ambos os países exercem em fóruns internacionais. A aliança sino-brasileira tem contribuído para o fortalecimento de blocos como o BRICS, onde Brasil e China atuam de forma coordenada para defender os interesses das economias emergentes e promover uma maior equidade nas relações internacionais.
Por outro lado, essa parceria também enfrenta desafios, como a necessidade de diversificação das exportações brasileiras e a busca por um equilíbrio na balança comercial. Contudo, a visita de Xi Jinping e o simbolismo do G20 oferecem uma janela de oportunidade para que ambos os países abordem essas questões de forma construtiva, buscando soluções que beneficiem suas economias e, por extensão, suas populações.
A comemoração dos 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, celebrada na cúpula do G20, é um marco que destaca o sucesso de uma parceria promissora que moldou e continuará moldando o futuro de ambos os países. Com a visita de Xi Jinping, essa relação entra em uma nova fase, na qual os desafios do século XXI exigem uma cooperação ainda mais estreita e inovadora. A história que começou em 1974 está longe de chegar ao fim, e o futuro promete ser tão promissor quanto o passado.
* Filósofo, Pedagogo, Teólogo, membro colaborador da Comissão de Estudos sobre o Tribunal do Júri (CETJ) da OAB/PE (filho9@icloud.com).
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