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OPINIÃO

Alguma coisa está fora de ordem

Vive-se uma mudança de paradigma no mundo, onde a vida, a liberdade, a propriedade, a família, as diferenças biológicas entre homens e mulheres, o direito, as religiões, a meritocracia, e outros princípios e valores, que trouxeram a humanidade até aqui, sofrem um duro ataque, a pretexto de que relativizar a natureza das coisas e das pessoas seria necessário para corrigir históricas injustiças e promover o bem e a igualdade.

O AVESSO DO AVESSO
Isso se mostra através de “movimentos” violentos que dizem combater a violência; de “grupos” (anti)racistas que têm como bandeira a luta contra o racismo, mas justificam a discriminação que praticam sob o argumento de que o racismo reverso não existiria; de extremistas que dizem defender a democracia, mas que agridem e constrangem quem não concorda com a sua visão progressista de mundo; de pessoas que dizem defender a igualdade, mas exigem tratamento privilegiado; de gente que assegura defender o respeito a todos os gêneros, mas ataca quem ousa dizer que mulheres têm direito ao seu próprio espaço e intimidade, e que é injusta a competição esportiva entre pessoas que nasceram do sexo masculino e as do feminino; de “autoridades” que se dizem democratas, porém limitam a liberdade de expressão, a propriedade privada, a autonomia individual e o direito de ir e vir; de quem “exalta” a ciência, mas agride o livre exercício da medicina; e até por “juristas-garantistas”, que interpretam o devido processo legal, o princípio da legalidade e outros nortes fundamentais ao estado de direito, de acordo com as próprias predileções, conveniências político-partidárias e crenças ideológicas, e a depender de “quem” esteja sendo investigado, acusado e julgado.

FAÇA O QUE EU DIGO, NÃO FAÇA O QUE EU FAÇO
São narrativas desconexas da prática, da realidade, e da natureza das coisas e das pessoas, discursos na base do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, que, por incrível que pareça, são noticiados na grande mídia como “pacíficos”, “democráticos”, “inclusivos” e “legítimos”, apesar de serem exatamente o contrário daquilo que deles se propagandeiam.

SER NÃO É PARECER
A farsa nisso tudo se apresenta dissimulada pelo vitimismo, grupismo, coletivismo, defesa de minorias, combate à mentira nas redes sociais, proteção ao meio ambiente e tutela da democracia, por meio de “verdades” convenientemente estruturadas “para parecerem” e não “para serem”.

DIVIDIR PARA DOMINAR
Inventam-se “guetos virtuais”, como “lugar de fala”, “cancelamento”, “linguagem neutra”, ideologia de gênero”, “culpa racial”, “combate às fake news”, “colapso ambiental”, “correção da história”, “disputas esportivas” entre mulheres e homens biológicos, política de cotas, etc, tudo para tentar “mudar a realidade por decreto” e dar voz exclusiva a um “progressismo politicamente correto”, o qual, em que pese se apresentar como sendo o “bem contra o mal”, constrange, censura e massacra quem dele discorda, assim como promove o boicote a ideias, teorias e estruturas, historicamente testadas e aprovadas, que são próprias à democracia, naturais à condição humana, bem assim necessárias ao equilíbrio, equidade e evolução cuidadosa e sustentável das coisas.

INCLUIR NÃO É EXCLUIR
É claro que a inclusão de todos, sem preconceito de qualquer natureza, é justa, urgente e necessária.

Porém, discursos divorciados da prática, falsa sinalização de virtudes, desconsideração da realidade, negação da natureza das coisas e das pessoas, violência, perseguição política, policial e judiciária, e cancelamento profissional, são práticas tão desprezíveis quanto os males que, supostamente, serviriam a evitar.

Além de acirrar ânimos, afastar os diferentes e aumentar o preconceito, isso, ao invés de promover justiça, acolhimento e bem geral, apenas “transfere” o absurdo, o preconceito e o ódio de lugar.

O QUE HÁ POR TRÁS DISSO?
A quem interessa tudo isso? Quem patrocina? Qual o seu propósito e efeito no Brasil e no mundo?

É olhar para o cenário nacional e mundial e perceber que algumas ditaduras, e mesmo setores de países democráticos, certos políticos, empresários, empresas e, até mesmo, determinados artistas famosos, acadêmicos, juristas, juízes e líderes religiosos, parecem fazer parte de um movimento muito estranho, uma espécie de “terrorismo ideológico”, orquestrado, global e localmente, para segregar as pessoas pela cor, pela raça, pelo sexo e pelas crenças, bem assim apresentar versões ao invés de fatos, alimentar o ódio entre as classes, o ressentimento religioso, racial e de gênero, difundir o pânico, proibir, controlar e implodir, moral, econômica e politicamente, quem ousar discordar e resistir a essas bandeiras “ultraprogressistas”, que têm, na divisão do povo e das nações, e na desmoralização das tradições, das famílias e religiões, o que parece ser uma estratégia para dominar, explorar e lucrar.

PERCEBER, REFLETIR E REAGIR
Nós, o povo, precisamos refletir sobre o que vem ocorrendo, desenvolver senso crítico e criar círculos virtuosos, para alertar quem está ao nosso redor, assim como orientar e educar as novas gerações, indo além das notícias, imagens, discursos e personagens, sob pena de sermos conduzidos, como massa de manobra, enquanto assistimos a destruição silenciosa dos princípios de liberdade, autonomia, isonomia, estabilidade jurídica e meritocracia, dentre outros pilares em que está edificada a cultura ocidental, construída ao longo de muitos anos, à custa de muita luta, sangue, suor e lágrimas.

*Sócio do GCTMA Advogados, Procurador do Estado de Pernambuco aposentado, Conselheiro de Administração/IBGC

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