Como transformar ciência em impacto e reposicionar o Brasil no mapa da inovação mundial?
Quando o Brasil descobriu o pré-sal, uma camada de petróleo até então inacessível, surgiu um novo horizonte econômico. Mas, e se eu dissesse que, hoje, estamos sentados sobre uma outra camada de riqueza, que cresce e fica cada dia mais evidente e com potencial para transformar o país? Não falo de petróleo. Falo de conhecimento científico.
É justamente nisso que busco atuar diariamente com a Wylinka, conectando ciência e mercado, e criando pontes para que ideias inovadoras saiam do laboratório e se tornem soluções concretas.
A produção científica brasileira, em si, já é valiosa. Mas o verdadeiro salto está em traduzir essa riqueza intelectual em impacto econômico e social. E é aí que entram as deep techs.
Deep techs são empresas baseadas em conhecimento científico de ponta. Elas nascem em laboratórios, incubadoras, universidades. Além disso, trazem soluções para problemas complexos, mas essenciais, como mudanças climáticas, doenças negligenciadas, gestão de recursos hídricos, bioeconomia e energias limpas. E o mais importante: elas já estão entre nós e precisam ser vistas, apoiadas e aceleradas com a seriedade que sua missão exige.
Não estamos falando de um futuro distante. Estamos falando de startups que já atuam na Floresta Amazônica, por exemplo, com sensores de monitoramento climático. Outros exemplos são de tecnologias brasileiras que desenvolvem novos tratamentos com base em bioativos nacionais ou soluções de inteligência artificial criadas dentro de centros de pesquisa públicos.
Esse ecossistema está em constante evolução e cada vez mais próximo de estar plenamente formado. Mas, para isso, precisa ser nutrido e estimulado. Um exemplo de espaço de nutrição deste movimento é o Fórum Brasileiro de Deep Techs, promovido pela Wylinka e Caos Focado, que se tornou um evento estratégico para reunir pesquisadores, empreendedores, investidores e formuladores de políticas públicas em torno de uma agenda comum. O objetivo do evento é que o conhecimento científico e tecnológico brasileiro tenham um papel decisivo na construção de soluções globais.
É um desafio sistêmico que exige investimento em pessoas, infraestrutura, políticas consistentes e, sobretudo, visão de longo prazo. Diferente do petróleo, que é explorável com escavadeiras e plataformas, a jornada científica precisa desses caminhos.
Transformar conhecimento em inovação não é automático. É uma jornada que exige intencionalidade. E essa jornada já começou. Há hoje no Brasil iniciativas sérias e comprometidas com a formação de talentos, com a aproximação entre ciência e mercado e com a geração de impacto no dia a dia das pessoas. Esse é o verdadeiro ouro do século XXI: conhecimento transformado em soluções que mudam vidas, fortalecem territórios e abrem novos caminhos para uma economia mais justa, inclusiva e sustentável.
Por fim, o “pré-sal” da nova economia talvez não esteja no fundo do mar. Ele pode estar nos centros de pesquisa do interior, nos laboratórios das universidades, nos institutos de ciência e tecnologia espalhados pelo país. Cabe a nós explorar com inteligência, estratégia e, sobretudo, com responsabilidade social.
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