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opinião

No apagão de SP metrô foi movido por carros-de-boi   

Dedico este artigo ao poeta Jorge de Lima, autor do poema
O Acendedor de Lampiões. Saudades do meu amigo Jorge de Lima!

 

MONTANHAS DA JAQUEIRA –  O que provocou o apagão em São Paulo? Especialistas, PhDs e sábios do sistema elétrico explicaram que um mosquito invadiu os geradores de energia e derrubou as linhas de transmissão. Foi um mosquito apocalíptico. O inseto já está preso na Papuda sob acusação de conspiração energética antidemocrática e poderá ser condenado a 20 anos de cadeia, sem anistia. Tudo indica que o mosquito malvado estava a serviço do comedor de bolos comunista para prejudicar a candidatura do prefeito Ricardo Nunes. Vamos investigar.

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O apagão do mosquito causou mais estragos em São Paulo que o furacão Milton na Flórida.

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Na temporada das trevas milhões de moradias e o comércio foram afetados pelo apagão. A Pauliceia Desvairada de Mário de Andrade virou uma cidade fantasma. Duendes e lobisomens circulavam nas ruas. O metrô ficou sendo movido por carros-de-boi. Também circulavam larápios para roubar celulares e comprar uma cervejinha. As bruxas voavam a bordo de vassouras. Elas criaram o serviço Uber-Vassoura. Carruagens e carroças puxadas por pangarés transportavam as sinhazinhas e os sinhozinhos. Ressurgiu a profissão dos acendedores de lampiões. Quanto romantismo!

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O Governo vai promover concurso para contratar acendedores de Lampião.
 

O Acendedor de Lampiões

 

“Lá vem o acendedor de Lampiões de rua!

Este mesmo que vem infatigavelmente,

Parodiar o sol e associar-se à lua

Quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões acende e continua

Outros mais a acender imperturbavelmente,

À medida que a noite apenas se acentua

E a palidez da lua apenas se presente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita:

Ele que doira a noite e ilumina a cidade

Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua

Crenças, religiões, amor, felicidade,

Como este acendedor de lampiões da rua.
 

Jorge de Lima

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Dia 1 de outubro, ao retornar da posse da presidente do México, Claudia Sheinbaum, um pássaro bolsonarista mergulhou na turbina do teco-teco presidencial e quase provoca um desastre de aviação. Por conta disso o Governo vai investir 1 bilhão de denários para renovar a frota de teco-tecos da Presidência da República e fazer uma varredura nos céus para evitar a presença de pássaros mal-intencionados.   

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Esta Terra de Vera Cruz, a terra da verdadeira cruz, é o reino dos  apagões. Na Região Amazônica, de 38 milhões de habitantes, mais de 40 por cento da população vivem privados de saneamento e água potável. O nome disto é apagão hidráulico.

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Nem quero falar do apagão de segurança pública, porque seria chover no molhado.

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Nesta República dos apagões, os privilégios e as mordomias das elites são protegidos por Domos de Ferro importados de Israel. Ao contrário da plebe ignara, as majestades da República respiram oxigênio enriquecido com poeira de estrelas.


* Periodista, escritor e quase poeta.

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