Sex, 26 de Dezembro

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opinião

Planejar mal hoje é comprometer o futuro do clube

Mais um ano em que a atual gestão do Clube Náutico Capibaribe descumpre o estatuto do Clube, com relação ao prazo de entrega ao Conselho Deliberativo do orçamento para o próximo ano.

A discussão sobre o orçamento do clube para a temporada de 2026 revela um problema que vai muito além de divergências políticas e administrativas: expõe a falta de um planejamento financeiro responsável, alinhado à realidade da Série B do Campeonato Brasileiro. Elaborar projeções sem considerar cenários básicos, como a permanência na divisão, o controle rigoroso de despesas e a sustentabilidade econômica, não é um erro técnico, é uma decisão de alto risco.

É preciso muito critério e responsabilidade na definição nas premissas orçamentárias, antecipar receitas incertas e ampliar custos fixos sem garantias esportivas é uma prática que já mostrou, de forma recorrente, seus efeitos nocivos no futebol brasileiro. O resultado costuma ser previsível: endividamento crescente, atrasos salariais, perda de credibilidade e, em muitos casos, o enfraquecimento institucional do clube. Não por acaso, estamos terminando o ano com salários atrasados.

Nenhuma gestão não pode ser conduzida com base em otimismo excessivo, discursos motivacionais ou apostas financeiras. Gestão exige números, cenários, limites e responsabilidade. O acesso deve ser tratado como objetivo esportivo, jamais como fundamento financeiro. Ǫuando essa lógica é invertida, o clube passa a jogar contra si mesmo fora de campo.

O patrimônio do clube não pertence a uma gestão, mas à sua história, aos seus torcedores e às gerações que o construíram. Ignorar princípios elementares de governança e responsabilidade fiscal é desrespeitar esse legado e comprometer o futuro da instituição. Ressalto, que nessa atual gestão, nosso patrimônio físico, social e esportivo está sendo completamente ignorado.

Na verdade, nem a recuperação judicial está sendo suficiente para garantir responsabilidade dessa gestão. Mais do que promessas, o momento exige seriedade. Mais do que discursos, exige planejamento. Persistir no improviso e na ausência de critérios técnicos hoje é empurrar problemas ainda maiores para amanhã. O clube precisa escolher entre a gestão responsável ou a repetição de erros que o futebol brasileiro já conhece bem e que sempre cobram um preço alto.

Finalizando, registro que a discussão sobre o orçamento do clube para a temporada de 2026 escancara um problema ainda mais grave do que a simples ausência de planejamento: revela a incapacidade da atual gestão de conduzir o clube de forma responsável mesmo em um cenário excepcionalmente favorável por conta da proteção contra pressões imediatas de credores, previsibilidade de passivos e a oportunidade concreta de reorganização financeira que uma recuperação judicial oferece. 

Trata-se de uma condição rara no futebol brasileiro, que permite planejamento equilibrado, controle de despesas e reconstrução sustentável. Mesmo assim, essa oportunidade histórica vem sendo desperdiçada, pela ausência de premissas básicas na elaboração do orçamento.


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