Sport, uma reconstrução
Próxima segunda-feira (15), o sócio do Sport Club do Recife irá escolher o seu novo presidente. Há um nome que desponta sobre os demais.
Antes de dizer quem, explico o contexto. Os rubro-negros estão diante de uma eleição sui generis: a próxima eleição só ocorreria ao final do ano que vem, mas o colapso esportivo e financeiro desembocou na renúncia do atual presidente.
Como não há vácuo de poder, desde que Yuri Romão perdeu as condições de conduzir o clube, um grupo de ex-presidentes e conselheiros tomou a frente. Foram eles que forçaram a renúncia do presidente, inclusive para que o fizesse a tempo da realização da eleição direta.
Esse é o mesmo grupo, bom lembrar, traído pelo próprio Yuri Romão. Às vésperas da última eleição, o então presidente rompeu com o grupo, expurgou-os da chapa e forçou a própria reeleição. Deu no que deu.
Após forçarem a renúncia de Yuri Romão, tais ex-presidentes e conselheiros não descansaram, desta vez focados em eleger alguém para tirar o Sport da crise. Esse alguém é Severino Otávio, o Branquinho.
Em primeiro lugar, vem a sua experiência. Branquinho foi Prefeito da cidade de Bezerros (PE) em três mandatos (1973-76, 2013-2016 e 2017-2019), Conselheiro do Tribunal de Contas por 25 anos (1986-2011) e Deputado Estadual em dois mandatos (1979-1982, 1983-1986).
No Sport, Branquinho foi Vice-Presidente e Diretor de Futebol em diferentes gestões, incluindo nas conquistas do Brasileiro de 1987 e da Copa do Brasil de 2008.
Para o biênio 2003-04, Branquinho foi eleito Presidente com 87% dos votos. A exemplo do momento atual, assumiu o clube em cenário desafiador, marcado pelo desequilíbrio financeiro e pelos insucessos dentro de campo, incluindo a perda do hexa e o rebaixamento para a Série B.
Além da experiência, há outra qualidade decisiva: a vocação de Branquinho para construir consensos.
A sua reação ao convite para encabeçar a chapa é prova disso. Dialogou com inúmeras lideranças do clube, inclusive da oposição, para formar uma chapa ampla e representativa. Assim nasceu a chapa Sport Unido Para Vencer.
A trajetória acima descrita culminou no apoio público vindo de diversos ex-presidentes, entre os quais Jarbas Guimarães, Homero Lacerda, Wanderson Lacerda, Gustavo Dubeux e João Humberto Martorelli. Também ex-presidentes do Conselho Deliberativo, como Jarbas Vasconcelos e Sílvio Neves Baptista. E ídolos do clube, como Betão e Ribamar.
O programa político da Sport Unido Para Vencer é compatível com as características de um mandato-tampão: breve, emergencial e instável por natureza. A sua pedra de toque é o realismo.
Branquinho quer, acima de tudo, estabilizar o clube. O que se divide em 4 objetivos principais:
(i) institucional: assegurar transparência sobre o quadro atual do clube e as soluções que serão implementadas;
(ii) afetivo: refundar o vínculo entre o torcedor e o clube, incluindo a requalificação dos espaços sociais para estimular a participação ativa dos associados;
(iii) esportivo: formar uma equipe competitiva para a disputa do Campeonato Brasileiro Série B, aliada à formação de atletas da base; e
(iv) financeiro: promover o saneamento das contas por meio da readequação de receitas e gastos ineficientes, a fim de garantir a execução integral da Recuperação Judicial.
A chapa Sport Unido Para Vencer já conquistou a vitória política de afastar o presidente Yuri Romão. Falta apenas a vitória eleitoral de eleger Branquinho. É o que está prestes a ocorrer.
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