Unbelievable!
É absolutamente inaceitável, “unbelievable” (inacreditável), a insana ousadia do presidente americano recém-eleito, legítima e democraticamente, cujas declarações aconteceram de forma surpreendente, pois se deram não como palavras de campanha onde quase tudo é válido, mas sim sob a égide do fato consumado da presidência da República, em espasmos de soberba extrema, com intuito de amedrontar com ameaçador semblante em devaneios de dono do mundo.
Destacando como exemplo a fala que tentou nos atingir como nação, “Não precisamos do Brasil, o Brasil é que precisa de nós”, evidencia a total indiferença ao que chamamos de “gente”, condição esta que revela completo desconhecimento do que vem a ser Democracia em maiúsculo, coletiva, abraçando a todos sem distinção, gregos e troianos, não tem credo nem cor, somos todos habitantes do planeta Terra, precisamos sim uns dos outros, e o Brasil não compartilha, não aceita tamanha aberração, enquanto não chegarmos em Marte, somos terráqueos de carne, osso e sentimentos, temos orgulho de sermos indispensáveis à vida na Terra, temos sim grandes quantidades de “ouro líquido” no nosso subsolo, mas temos principalmente em cima do solo, nossa maior riqueza, imensas florestas produzindo oxigênio para o mundo, até mesmo para os EUA respirarem, mitigando os efeitos do venenoso gás carbônico que geram como o maior emissor de co2 por habitante do mundo, temos compromisso inarredável com o hoje e com o amanhã, somos da espécie “gente”, de mãos e braços estendidos para cumprimentos e afagos, somos do bem, embora cautelosos no separar o joio do trigo, com extremo cuidado para que as forças do mal, ou melhor, do mau, não transformem vez ou outra quatro ou cinco anos de gestão desumana, em quarenta ou cinquenta anos de tristeza, fome, doenças,e pobreza extrema, a velha Democracia nos protegerá como nosso domo protetor.
Seja lá quem for, pessoa física ou jurídica, sozinhos ou em grupos, só serão pela primeira vez ou repetidas vezes, “Great Again”, e de novo e de novo, se houver o pleno reconhecimento da aldeia global, cobrando ética, caráter humanitário, reconhecimento das fronteiras geográficas e políticas, participação nas entidades globais de proteção à saúde, ao ambiente, civilizado e civilizatório, aí talvez quem sabe, tudo seja possível, pois ninguém vale pelo mal que possa fazer.
Sobre o desprezo em relação ao Brasil, lembramos que sediamos desde longa data dezenas de empresas americanas atraídas pela nossa estabilidade democrática, pelo nosso vasto mercado em ascensão, pela nossa condição de grandes produtores de grãos, carne, açúcar, ferro, matérias-primas e produtos acabados para o mercado interno ou externo, pelo nosso espírito empreendedor e pacífico, apesar de muitos de nós termos sido torturados e mortos em histórica e tenebrosa passagem ditatorial, que temos tentado não ver repetir-se, não matamos uns aos outros nas chamadas guerras civis, como praticadas por outros povos, somos referência em acolhida humanitária, em compadecimento pelos pobres desesperados, dividindo o pão nosso de cada dia com os moribundos de todos os matizes.
Amedronta-nos as incríveis semelhanças de natureza estratégica e comportamental dos primeiros sinais do novo governo americano, com o surgimento e ascensão do nazismo na Alemanha nos anos trinta e quarenta, culminando em atrocidades sem precedentes no bojo da II grande guerra mundial.
Como exemplo do assustador fenômeno que pode estar a caminho, desde já angariando surpreendentes aplausos e insanas adesões mundo afora, inclusive aqui dentro de casa e nas nossas vizinhanças, destacamos como pequeno detalhe a descabida reação ao apelo por tratamento mais humano, misericordioso aos desesperados, sem saída na tentativa de escapar da morte certa, encaminhado humilde e educadamente por religiosa ao novo e poderoso gestor, que ainda não percebeu que a América cristã, jamais será “great again”, enquanto praticar desumano tratamento em “pensamentos, palavras e obras” aos seus semelhantes, acorrentados e algemados em comunhão com todos nós.
Que Deus nos acuda!
* Consultor empresarial ([email protected])
___
Os artigos publicados nesta seção não refletem necessariamente a opinião do jornal. Os textos para este espaço devem ser enviados para o e-mail [email protected] e passam por uma curadoria para possível publicação.