Primeiro filme brasileiro original da Netflix é faroeste rodado em Pernambuco
Dirigido por Marcelo Galvão, "O matador" teve como locação o município de Pesqueira, na região do Agreste
A Netflix - serviço de vídeos online - acaba de disponibilizar aos assinantes seu primeiro filme original produzido no Brasil. Com direção de Marcelo Galvão, "O Matador" é uma espécie de faroeste brasileiro, ambientado entre as décadas de 1910 e 1940, em Pernambuco.
As imagens foram rodadas no ano passado, na cidade de Pesqueira. "Fiz uma pesquisa gigante. Um ano antes de começar a gravar, viajei por vários estados do Nordeste em busca de locação. Pesqueira pareceu a melhor opção", conta o cineasta, em entrevista à Folha de Pernambuco, por telefone.
"Queria um lugar com uma paisagem certa e que, ao mesmo tempo, tivesse a estrutura de produção necessária para trabalhar. Passamos duas semanas trabalhando. Foi demais. A população, sempre muito solícita, teve toda a rotina mudada por causa das filmagens", relembra.
O enredo é centrado na figura de Cabeleira (Diogo Morgado), um temido matador. Abandonado ainda bebê, ele foi encontrado e criado pelo cangaceiro Sete Orelhas (Deto Montenegro), crescendo no Sertão, isolado do resto do mundo. Muitos anos depois, ele precisa sair em busca do pai adotivo e acaba encontrando uma cidade dominada pelo vilão Monsieur Blanchard (Etienne Chicot).
Premiado pelo filme road movie "Colegas", de 2011, Marcelo Galvão resolveu unir sua paixão por westerns ao universo nordestino. “Fui criado assistindo aos filmes de bang-bang à italiana, principalmente os de Sergio Leone. Sempre achei um gênero pouco explorado no Brasil. Queria fazer um filme na linha da ação, mas que não fosse mais do mesmo. Então, pensei em adaptar o faroeste à nossa realidade", explica.
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Como todo faroeste típico, "O Matador" possui violência explícita, com direito a muito sangue e tiroteio, fato evidenciado por boa parte dos críticos que assistiram à obra durante o Festival de Gramado, em agosto. O diretor, no entanto, não acredita que esse seja o ponto principal do filme.
"Lógico que há cenas de violência, mas o longa é muito mais profundo. Há muita humanidade. É uma história sobre resgate de uma identidade, a busca por um pai e as relações de poder", defende.
Diogo Morgado, ator português, vive o protagonista do filme - Crédito: Fábio Braga/Netflix
Curiosamente, o protagonista da trama não é vivido por um ator brasileiro na sua fase adulta. Diogo Morgado é português e é conhecido por ter interpretado Jesus Cristo na minissérie norte-americana "A Bíblia".
"Ele foi uma surpresa. Eu queria que o Cabeleira passasse essa imagem de homem do mato. Por isso, quando me apresentaram o Diogo, eu confesso que tive um pouco de preconceito. Fiquei me perguntando como um ator europeu poderia fazer um homem nordestino. Mas no teste ele arrebentou, com sotaque local e tudo. Testei outros atores, inclusive pernambucanos, mas nenhum chegou ao nível de atuação dele", declara o diretor.
O elenco conta ainda com os atores Will Roberts, Igor Cotrim, Maria de Medeiros, Daniela Galli, Thaila Ayala, Paulo Gorgulho, Marais Descartes, Nill Marcondes, Maytê Piragibe e Mel Lisboa.

