Secretaria volta atrás e lombadas não mais serão desligadas em horário de pico no Recife
A desativação das lombadas eletrônicas do Recife em horários de pico, que seria iniciada na manhã desta quarta-feira (1º), faria parte de um teste para avaliar se o tráfego de veículos no Recife fluiria com mais rapidez.
A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) voltou atrás e decidiu, nessa terça-feira (31), que não vai mais realizar o desligamento das lombadas eletrônicas nos horários de pico, como havia anunciado anteriormente. A desativação, que seria iniciada na manhã desta quarta-feira (1º), faria parte de um teste para avaliar se o tráfego de veículos no Recife fluiria com mais rapidez.
Inicialmente, a Semoc informou que a execução do teste se daria durante todo o mês de agosto, por um período de 30 dias. Apesar disso, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), órgão ligado à secretaria, não confirmou a ação. Durante o dia, nenhuma sinalização foi instalada perto dos radares e nenhuma orientação aos motoristas foi divulgada.
O cancelamento só foi comunicado na noite dessa terça. Por meio de nota enviada à imprensa, a Semoc informou que a decisão foi tomada após o órgão "escutar as diversas manifestações da sociedade e o aprofundamento dos estudos técnicos realizados pela equipe da Prefeitura do Recife". "A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano decidiu cancelar o período de testes, mantendo a política de segurança viária da Prefeitura do Recife, já comprovada e com resultados expressivos para a mobilidade da cidade.”
De acordo com a nota, uma "ampla política de controle de velocidade e segurança viária na cidade" já foi implantada na cidade. Desde 2013, informou, o número de radares aumentou de 18 para 118 nas vias do Recife. Essa ação, segundo a secretaria, "teve influência direta na redução de mais de 30% no número de acidentes com vítima neste período".
O desligamento dos equipamentos nos horários de pico foi proposto pelo vereador Marco Aurélio por meio de um projeto de lei aprovado na Câmara em junho de 2017. A proposta foi vetada pela Prefeitura, que alegou necessidade de realização de análise técnica. Para evitar que o veto fosse derrubado pelos vereadores e a medida entrasse em vigor sem esse estudo, a PCR propôs a realização do teste.
Procurado antes de a Semoc recuar da decisão, o vereador Marco Aurélio repudiou a forma como a Prefeitura conduzia a questão. “A CTTU não pode querer boicotar um acordo que fizemos com o prefeito há 60 dias", disse ele. "Cadê os envelopamentos das lombadas eletrônicas, avisando que serão desligadas? Isso não foi o que propus, não foi o combinado”, reclamou o autor do projeto.
“Sem medo da multa, evidentemente os motoristas dão uma acelerada. Mas não vamos deixar livre, claro que não. Vamos, sim, estabelecer um limite de velocidade maior, para que os carros fluam e o trânsito destrave”, explicou o vereador. “O motorista não pode ser prejudicado porque a prefeitura não construiu ciclovias", disse, referindo-se às queixas da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo), contrária ao teste. "A CTTU está preocupada em arrecadar em cima das multas. Por que não pegam o dinheiro arrecadado e constroem as ciclovias, as calçadas, os transportes fluviais?", questionou o vereador.
Tanto a Ameciclo quanto o vereador Marco Aurélio foram procurados novamente após o cancelamento do teste, mas não responderam ao contato da reportagem até as 22h desta terça.

