Polícia Civil faz operação e prende suspeitos ligados ao PCC e CV que abastecem o Complexo do Alemão
Investigação aponta que "consórcio" das organizações criminosas é responsável por tráfico interestadual de drogas e armas
Policiais civis da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) deflagraram, nesta quinta-feira, a Operação Bella Cião, que mira integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV). Eles, de acordo com a investigação, formam um "consórcio" interestadual voltado para o abastecimento de armas e drogas para o Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. O grupo movimentaria mais de R$ 250 milhões.
Dois alvos estão presos. Ana Lúcia Ferreira, ex-mulher de Elton Leonel da Silva, o Galã — um dos chefes do PCC que atuaria diretamente na fronteira do Brasil com o Paraguai, preso em 2020 —, foi localizada em Taubaté, no interior de São Paulo, nesta quarta-feira. Já Gustavo Miranda de Jesus, apontado como braço direito de Fhillip da Silva Gregório, o Professor, apontado como chefe da Fazendinha, no Alemão, e morto há um mês, foi capturado no Rio.
— Gustavo usava a própria família para movimentar os valores. Numa operação anterior, os pais e a irmã dele já tinham sido presos por emprestar contas bancárias para essas transações. A Ana traz para o Rio o conhecimento que já tinha da região de fronteira. É uma articuladora que atua tanto para o Comando Vermelho quanto para o PCC — disse o delegado Vinícius Miranda, titular da DCOC-LD, ao Bom Dia Rio, da TV Globo.
De acordo com a investigação, os suspeitos contavam com laranjas, empresas de fachada, contas bancárias de laranjas e logística interestadual para mobilização e dissimulação de produtos e ativos ilícitos. Os núcleos da quadrilha ficam na capital fluminense e em Mato Grosso do Sul. A apuração contou com análise de conversas telemáticas, dados financeiros e laudos periciais. Foi constatado que Professor estava envolvido no esquema.
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A Polícia Civil afirma que Ana Lúcia tinha ligações estreitas com o PCC. Ela, segundo a investigação, teria uma grande rede de contato e era quem fazia a ligação entre Professor e fornecedores de armas de Mato Grosso do Sul.
Gustavo, ainda conforme a investigação, atuaria na mobilização dos recursos financeiros obtidos em transações ilícitas do CV. Segundo Polícia Civil, ele coordenaria pessoalmente a realização de eventos em comunidades, que seriam uma maneira de mesclar ativos de origem lícita com outros vindos do tráfico.
Além das prisões de Ana e Gustavo, a operação tem ainda o objetivo de cumprir mandados de busca e apreensão contra outros investigados para reunir elementos que possam auxiliar no inquérito.

