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Por que o estresse pode causar queda de cabelo: como ele afeta o couro cabeludo

Resultado da pesquisa pode abrir caminhos para a compreensão de outras doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, lúpus ou esclerose múltipla

O estresse pode causar problemas cardiovascularesO estresse pode causar problemas cardiovasculares - Foto: Pexels

Uma pesquisa publicada na revista Cell mostra e explora os motivos do porquê o estresse pode desencadear a queda de cabelo e como nossa resposta ao estresse pode ter consequências a longo prazo para o couro cabeludo.

O estudo foi realizado pela professora de células-tronco e biologia regenerativa Ya-chieh Hsu e de sua equipe que descobriu que a queda de cabelo resultava de uma reação em duas etapas.

Segundo a pesquisadora, a primeira parte, ou seja, a perda imediata de cabelo, é simples. “O estresse tem um impacto imediato através da ativação do sistema nervoso simpático", explicou Hsu, que também é membro principal do corpo docente do Instituto de Células-Tronco de Harvard.

Tudo começa com a resposta natural do efeito de “lutar ou fugir” que libera norepinefrina, um neurotransmissor que — entre outros efeitos — mata células em alta proliferação no folículo capilar quando o nível está muito alto.

"Como as células-tronco são preservadas nesse caso, é possível regenerar o folículo capilar, o que pode causar perda temporária de cabelo, mas em seguida as células-tronco serão ativadas para regenerar novos fios", disse Hsu.

A queda de cabelo nessas circunstâncias geralmente é temporária. Entretanto, com novas pesquisas, a equipe percebeu que os folículos capilares que haviam sido destruídos pela norepinefrina "pareciam ter sido atingidos por ácido clorídrico" e morreram por necrose, afirmou Emily Scott-Solomon, pós-doutoranda no laboratório de Hsu e líder da pesquisa. E foi então que a equipe descobriu a reação secundária.

Os pesquisadores descobriram que o corpo percebe o tecido inflamado ou necrótico como um invasor hostil.Isso, por sua vez, desencadeia uma "cascata" de reações imunológicas para ativar células T CD8 + autorreativas, de acordo com Hsu.

Essas células T, que normalmente atuam para proteger as células saudáveis, começam a ver os folículos capilares como um corpo estranho que devem atacar. Esse ataque secundário pode ter efeitos persistentes, já que as células T hiperativas podem desencadear ataques autoimunes recorrentes ao folículo piloso quando ocorrem fatores estressantes adicionais.

Segundo a pesquisadora, essa possibilidade abre caminhos para a compreensão de outras doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, lúpus ou esclerose múltipla. "Sempre é necessário um gatilho, e o gatilho não é necessariamente genético", disse Hsu.

Os três primeiros autores deste artigo são os pós-doutorandos Scott-Solomon, com formação em neurobiologia; Shlomi Brielle, responsável pelas análises bioinformáticas; e Alexander Mann, imunologista. Hsu também reconheceu a importante colaboração de Judith Agudo, do Instituto de Câncer Dana-Farber, especialista em ataque e tolerância imunológica.

"Em primeiro lugar, este é um excelente exemplo de colaboração interdisciplinar, reunindo neurociência, biologia de células-tronco e imunologia. Ele destaca o quanto de novas descobertas biológicas podem ser feitas quando pesquisadores com diferentes especializações trabalham juntos", disse Mann. "No âmbito da imunologia, este estudo demonstra uma das maneiras pelas quais as doenças autoimunes podem ser desencadeadas e levanta muitas outras questões sobre as causas da autoimunidade."

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