Presidente francês chega ao Reino Unido, a primeira visita de um líder europeu desde o Brexit
A guerra na Ucrânia aproximou ainda mais as principais potências militares do continente

O presidente francês, Emmanuel Macron, foi recebido com grande solenidade pelo rei Charles III no início de sua visita ao Reino Unido nesta terça-feira (8), a primeira de um líder europeu desde o Brexit, com foco em imigração e defesa.
"Este é um momento importante para as nossas nações e também para a nossa Europa", comentou o presidente francês no X.
A Europa e o Reino Unido devem "abrir novos caminhos de cooperação" diante dos "grandes desafios" mundiais, acrescentou.
Macron e sua esposa, Brigitte, foram recebidos pelo príncipe herdeiro William e sua esposa Kate na pista da base militar de Northolt, ao oeste de Londres, onde o avião presidencial pousou.
O casal presidencial seguiu então para o Castelo de Windsor (ao oeste de Londres), onde foi oficialmente recebido pelo rei Charles III e pela rainha Camilla, quase dois anos após sua visita de Estado à França.
Após ouvirem a Marselhesa, os dois casais sentaram-se em carruagens reais que percorreram a rua principal de Windsor, adornada com bandeiras britânicas e francesas, até o castelo, onde Macron e sua esposa ficarão hospedados.
O rei e o presidente francês viajaram na primeira carruagem, seguidos pela que transportava a rainha Camilla e Brigitte Macron.
As duas mulheres se cumprimentaram com um beijo na bochecha, quebrando o protocolo real.
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Aproximação
Após o esfriamento das relações bilaterais devido à saída do Reino Unido da União Europeia em 2020, esta visita ocorre em meio a um clima de reaproximação entre os dois países, após a chegada de Keir Starmer, do Partido Trabalhista, a Downing Street em 2024.
A guerra na Ucrânia, que mais uma vez colocou as questões de defesa e segurança no centro das preocupações europeias, aproximou ainda mais os dois aliados, as principais potências militares do continente.
"Nossos dois países enfrentam uma infinidade de ameaças complexas, vindas de múltiplas direções. Como amigos e aliados, as enfrentamos juntos", dirá o rei durante seu discurso antes do jantar de Estado nesta terça-feira.
Esta visita, a primeira de um presidente francês desde Nicolas Sarkozy em 2008 e de um líder europeu desde a coroação de Charles III, foi saudada na segunda-feira como "histórica" por Downing Street.
Do lado francês, pretende-se que seja vista como um sinal de "reconvergência" em torno de "interesses compartilhados", em linha com a "reconfiguração" mais ampla que Starmer deseja manter com a União Europeia.
Na frente política, uma cúpula bilateral na quinta-feira deve confirmar o fortalecimento da cooperação em defesa e no combate à imigração irregular.
Macron também fará um discurso no Parlamento esta tarde.
Na quarta-feira, ele se encontrará com Starmer em Downing Street, participará de um evento sobre inteligência artificial e de um jantar na City de Londres.
Na frente econômica, Paris espera progressos no projeto da usina nuclear Sizewell C, que aguarda uma decisão final de investimento.
Uma visita ao Museu Britânico também está planejada.
Na quinta-feira, acontecerá uma cúpula bilateral, onde se espera avanços, especialmente na área de defesa.
Imigração
Comprometidos em resolver o conflito na Ucrânia, Starmer e Macron copresidirão uma reunião por videoconferência da "coalizão dos voluntários" na quinta-feira, visando um futuro cessar-fogo.
Lançada em março, a iniciativa continua dependente de negociações iniciadas com a mediação do governo do presidente americano, Donald Trump.
Do lado britânico, as expectativas são altas em relação ao combate à imigração irregular, após um número recorde de chegadas pelo Canal da Mancha desde janeiro.
Londres pressiona há meses para que as autoridades francesas intervenham para deter as pequenas embarcações. Atualmente, segundo a lei marítima, uma vez que as embarcações estejam na água, as autoridades francesas intervêm apenas em operações de resgate.
Sobre esta questão delicada, Londres e Paris também discutem uma possível troca de imigrantes. O Reino Unido aceitaria alguns e enviaria o mesmo número de volta para a França.
Segundo diversos veículos de comunicação, este projeto preocupa alguns países europeus, que temem que a França acabe devolvendo esses imigrantes ao primeiro país da UE em que chegaram.
