Primeiro caso de fungo resistente que causa micose extensa foi identificado no Brasil; entenda
O relato de caso foi publicado por pesquisadores na revista científica Anais Brasileiros de Dermatologia
Um brasileiro foi infectado em Londres, na Inglaterra, com um fungo resistente chamado Trichophyton indotineae.
A micose, causada pela infecção, se espalhou por diferentes partes do corpo do paciente de 40 anos. Além disso, médicos relataram que o microrganismo se mostrou resistente à terbinafina, medicamento muito comum no tratamento de infecções fúngicas.
Leia também
• ANS: rastreio do câncer de mama deve ser feito a partir dos 40 anos
• Vacina contra o HPV: SES orienta intensificação em municípios de Pernambuco; saiba onde se imunizar
• Perder o emprego é ruim para a saúde, mas há coisas que você pode fazer para minimizar os danos
Segundo o relato de caso, publicado na revista científica Anais Brasileiros de Dermatologia, este é o primeiro caso do tipo registrado no país. Ele foi atendido na Santa Casa de São Paulo, onde prontamente o grupo liderado pelo dermatologista John Verrinder Veasey contatou um laboratório especializado do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade de São Paulo (USP).
Os pesquisadores testaram diferentes medicamentos para obter uma melhora, mas apenas ao terem o diagnóstico correto conseguiram encontrar a melhor maneira de tratar o caso.
A infecção por Trichophyton indotineae é considerada rara até mesmo na América do Sul.
"As caracterizações fenotípicas e genotípicas foram essenciais para o diagnóstico adequado e escolha terapêutica, mas a resistência à terbinafina complica as opções de tratamento e destaca a necessidade de melhor vigilância, estratégias de prevenção e abordagens terapêuticas alternativas", concluem os autores.
Alerta para resistência a medicamentos
Segundo Maria da Glória Sousa, professora do Departamento de Dermatologia do IMT, alterações climáticas e também o uso indiscriminado de antifúngicos podem ter contribuído para o cenário atual de fungos resistentes a medicamentos.
— A gente pode encontrar pesticidas com facilidade nos pet shops e a maioria das pessoas acha que é inofensivo, compra para tratar as plantinhas em casa. Mas ao aplicar, ao inalarmos, acabam gerando uma resistência, porque a estrutura química deles é semelhante ao antifúngico usado em humanos — em entrevista ao Jornal da Universidade de São Paulo (USP).

