Sáb, 06 de Dezembro

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CIÊNCIA

Recife: Miguel Nicolelis faz sessão de autógrafos e conversa sobre livro "Nada mais será como antes"

Neurocientista é pioneiro na pesquisa em interface cérebro-máquina (ICM), tecnologia que permite a interação entre cérebro e computador

Neurocientista esteve no Recife para sessão de autógrafos e bate-papo Neurocientista esteve no Recife para sessão de autógrafos e bate-papo  - Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Não somos computáveis. É com essa certeza e mesclando ciência, filosofia, bom humor e sensibilidade que o neurocientista Miguel Nicolelis conversou com uma plateia lotada no auditório da Livraria Jaqueira do Recife Antigo, nesta quarta-feira (20).

O neurocientista esteve na capital pernambucana para uma sessão de autógrafos e conversou com os leitores sobre o seu mais recente livro “Nada mais será como antes”. Durante quase duas horas, a plateia encantada e atenta ouvia com atenção as palavras do cientista brasileiro. 

Nicolelis é pioneiro na pesquisa em interface cérebro-máquina (ICM), tecnologia que permite a interação entre cérebro e computador.  Foi a equipe dele que desenvolveu o momento histórico protagonizado por um exoesqueleto durante a abertura da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014.

Nicolelis comentou sobre as motivações para escrever o primeiro livro de ficção científicaNicolelis comentou sobre as motivações para escrever o primeiro livro de ficção científica

"Nada mais será como antes" é a primeira obra de ficção científica do neurocientista e foi publicada, em agosto do ano passado, pela editora Planeta Minotauro. 

Em 512 páginas, Miguel Nicolelis reflete sobre temas atuais como: as ameaças naturais à sobrevivência da humanidade, os limites do cérebro humano e como ele está sendo corrompido pela lógica digital.

“Comecei o livro no meio da pandemia. Pensei que valesse a pena escrever um alerta. Explicar para as pessoas quais são as crises existenciais que estão ao nosso redor, inclusive, climática, energética, política, humanista e que elas estão confluindo”, contou o neurocientista.

Mostrando que um fruto não cai longe da árvore, mesmo que tenha saído do país ainda aos 27 anos, foi com a mãe, a escritora Giselda Laporta Nicolelis, que ele conversou durante o período que escreveu o livro. Ela também é a revisora do livro. 

“Primeiro escrevi em inglês, depois traduzi para o português e quem fez a revisão final foi a dona Giselda, minha mãe. Tanto é que tem um personagem no livro que é inspirado nela. A mãe da tosca é uma personagem que de certa maneira tem a forma da minha mãe pensar o mundo e que me inspirou a minha vida inteira”, exaltou.

Segundo o escritor, o que deve ter continuidade é também uma das questões que para ele foi de suma importância no livro. 

“O que deve permanecer é o nosso entendimento de que foram as nossas faculdades cognitivas e a condição humana que nos trouxeram até aqui. Hoje existe quase que um culto, uma religião, para sabotar ou acabar com a condição humana, a visão humana do mundo e transformar todos nós em robôs, então, essa talvez tenha sido a mensagem mais profunda do livro”, alertou.

Trajetória
Miguel Nicolelis recebeu o título de Professor Emérito da Duke University, em julho de 2021, após ter lecionado por 27 anos na universidade, onde também fundou o Centro de Neuroengenharia, o qual dirigiu por 20 anos. 

Referência mundial, ele é pesquisador do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS/ Natal, no Rio Grande do Norte) e Coordenador do Projeto Andar de Novo, desenvolvido pela Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP), que criou o primeiro exoesqueleto de membros inferiores controlado pelo cérebro.

Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, Nicolelis foi coordenador do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste.
 

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